24 de agosto de 2014

Domingo XXI do Tempo Comum

E vós, 


quem dizeis que Eu sou?
Mt 16, 15


No centro da reflexão que a liturgia do 21º Domingo do Tempo Comum nos propõe, estão dois temas à volta dos quais se constrói e se estrutura toda a existência cristã: Cristo e a Igreja.
A primeira leitura mostra como se deve concretizar o poder “das chaves”. Aquele que detém “as chaves” não pode usar a sua autoridade para concretizar interesses pessoais e para impedir aos seus irmãos o acesso aos bens eternos; mas deve exercer o seu serviço como um pai que procura o bem dos seus filhos, com solicitude, com amor e com justiça.
 A segunda leitura é um convite a contemplar a riqueza, a sabedoria e a ciência de Deus que, de forma misteriosa e às vezes desconcertante, realiza os seus projetos de salvação do homem. Ao homem resta entregar-se confiadamente nas mãos de Deus e deixar que o seu espanto, reconhecimento e adoração se transformem num hino de amor e de louvor ao Deus salvador e libertador. Deus é sempre “mais” do que aquilo que o homem possa imaginar: mais sábio, mais poderoso, mais misericordioso… Mesmo quando as coisas parecem não fazer sentido, ao homem resta atirar-se com confiança para os braços de Deus, acolher humildemente a sua Palavra e procurar seguir, com simplicidade e amor os seus caminhos…
 O Evangelho convida os discípulos a aderirem a Jesus e a acolherem-n’O como “o Messias, Filho de Deus”. Dessa adesão, nasce a Igreja – a comunidade dos discípulos de Jesus, convocada e organizada à volta de Pedro. A base firme e inamovível sobre a qual vai assentar a Igreja de Jesus é a fé que Pedro e a comunidade dos discípulos professam: a fé em Jesus como o Messias, Filho de Deus vivo. A missão da Igreja é dar testemunho da proposta de salvação que Jesus veio trazer. À Igreja e a Pedro é confiado o poder das chaves – isto é, de interpretar as palavras de Jesus, de adaptar os ensinamentos de Jesus aos desafios do mundo e de acolher na comunidade todos aqueles que aderem à proposta de salvação que Jesus oferece.  

Liturgia da Palavra do Domingo XXI do Tempo Comum

I Leitura                 I Is 22, 19-23

«Porei aos seus ombros a chave da casa de David»

As chaves são o sinal do poder, como se pode ver já nesta leitura do Antigo Testamento. Assim, ela prepara-nos para compreendermos a linguagem de Jesus no Evangelho. Mas já aqui, a maneira como o profeta fala do administrador do palácio real faz entrever Alguém que é mais do que ele, e que terá o poder de abrir e fechar a Casa de David, Casa esta que é, em última análise, o próprio Jesus, e o seu Corpo que é a Igreja. Ele é a chave que abre, e a Porta, por onde se pode entrar, e a Casa que Deus prometeu construir a David.
               
                               
Salmo     137 (138)
Senhor, a vossa misericórdia é eterna:
não abandoneis a obra das vossas mãos.

II Leitura:                             Rom 11, 33-36

«D’Ele, por Ele e para Ele são todas as coisas»

No fim de ter exposto o mistério da salvação e particularmente o que pensa sobre os destinos do povo de Israel, S. Paulo conclui com este hino à sabedoria de Deus.
               
Aclamação ao Evangelho                   Mt 16, 18

Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja
e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
               
Evangelho:                            Mt 16, 13-20

«Tu és Pedro e dar-te-ei as chaves do reino dos Céus»

A missão da Igreja, e, na Igreja, a dos Apóstolos, é a mesma missão de Jesus: restabelecer a Aliança entre Deus e os homens, ligar e desligar, tornar presente entre os homens de todos os tempos e lugares a missão salvadora de Cristo. Assim, já na terra, eles encontrarão as chaves do reino dos Céus.

A Palavra de Deus convida-nos a uma reflexão sobre a lógica e o sentido do poder… Sugere que o poder é um serviço à comunidade. Quem exerce o poder, deverá fazê-lo com a solicitude, o cuidado, a bondade, a compreensão, a tolerância, a misericórdia, e também com a firmeza com que um pai conduz e orienta os seus filhos. Nessa perspetiva, o serviço da autoridade não é uma questão de poder, mas é uma questão de amor. Será impensável considerar que alguém pode desempenhar com êxito cargos de responsabilidade, se não for guiado pelo amor. É esta mesma lógica que os cristãos devem exigir, seja no exercício do poder civil, seja no exercício do poder no âmbito da comunidade cristã.
O exercício do poder só faz sentido enquanto está ao serviço do bem comunitário… O exercício de um cargo público supõe, precisamente, a secundarização dos interesses próprios em benefício do bem comum.
O nosso Deus não é um Deus “domesticado” pelo homem, previsível, fantoche, lógico pelos padrões humanos, que se encaixa nas teorias de uma qualquer igreja ou catequese… O verdadeiro crente não é aquele que “sabe” tudo sobre Deus, que tem respostas feitas sobre Ele, que pretende conhecê-l’O perfeitamente e dominá-l’O; mas é aquele que, com honestidade e verdade, mergulha na infinita grandeza de Deus, abisma-se na contemplação do seu mistério, entrega-se confiadamente nas suas mãos… e deixa que o seu espanto e admiração se transformem num cântico de adoração e de louvor.
Esse Deus omnipotente, que nunca conseguiremos definir, controlar e explicar não é um concorrente ou um adversário do homem, preocupado em afirmar a sua grandeza e omnipotência à custa da humilhação do homem… Mas é um pai, preocupado com a felicidade dos seus filhos e com um projeto de salvação que Ele pretende que os homens acolham. É verdade que muitas vezes não percebemos o alcance desse projeto; mas se virmos em Deus, não um concorrente mas um pai cheio de amor, aprenderemos a não nos fecharmos no orgulho e na autossuficiência e a acolhermos, com gratidão, os seus dons – como um menino que recebe do pai a vida, o alimento, o afeto, o amor. 

Palavra de Deus para a semana de 25 a 30 de agosto  


25
Seg
S. Luís de França – MF     S. José de Calasanz, presbítero – MF
                2 Tes 1, 1-5. 11b-12 -  Samol 95 (96) -  Mt 23, 13-22 
As minhas ovelhas escutam a minha voz, diz o Senhor;
Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me.
26
Ter
2 Tes 2, 1-3a. 14-17 - Salmo 95 (96) - Mt 23, 23-26
A palavra de Deus é viva e eficaz,
conhece os pensamentos e intenções do coração.
27
Qua
S. Mónica – MO
2 Tes 3, 6-10. 16-18 - Sal 127 (128) - Mt 23, 27-32
Quem observa a palavra de Cristo, nesse o amor de Deus é perfeito.
28
Qui
S. Agostinho, bispo e doutor da Igreja – MO
1 Cor 1, 1-9 - Salmo 144 (145) - Mt 24, 42-51
Vigiai e estai preparados,
porque na hora em que não pensais  virá o Filho do homem.
29
Sex
Martírio de S. João Baptista – MO
                 1 Cor 1, 17-25; Jer 1, 17-19 - Mc 6, 17-29 (próprio)
Vigiai e orai em todo o tempo,
para vos apresentardes sem temor diante do Filho do homem.
30
Sáb
1 Cor 1, 26-31 – Salmo 32 (33) - Mt 25, 14-30
Dou-vos um mandamento novo, diz o Senhor:
amai-vos uns aos outros como Eu vos amei.

PREPARANDO A LITURGIA PARA O DOMINGO XXII DO TEMPO COMUM


Jer 20, 7-9            «A palavra do Senhor tornou-se para mim ocasião de insultos...»

Salmo     62 (63)   A minha alma tem sede de Vós, meu Deus.

Mt 16, 21-27        «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo»

Intenções para a Eucaristia de 24 de agosto (10:00h)

Maria da Conceição da Silva, de Requim; Manuel de Araújo Barbosa; Manuel da Silva Pinto; Manuel Pinto da Costa; José da Silva Pinto; Maria Emília Ferreira, da Sra. da Piedade; Manuel Vieira Ribeiro, pais e sogros; Manuel Alfredo da Fonseca Soares; António Pereira de Freitas e esposa; Missa da Associação por Rosa de Jesus Carneiro; Familiares de Armando Teixeira e esposa, da Lage do Monte;Emídio Ribeiro

Intenções para a Eucaristia de 30 de agosto (19:30h)

Joaquim Moreira e esposa, do Alto; Maria Luísa de Sousa e marido, de Vila Nova; Joaquim Vieira e esposa, das Regadas; Gualter Ferraz Pinto, de Vila Nova; Maria Emília Leal Teixeira; Maria da Conceição Aguiar Pinto e marido; José Ferreira Aguiar; José Pinto Marques

Agenda


30 ago
    • Eucaristia, igreja, 19:30h 

31 ago
    • Visita à cidade de Tomar - Convento de Cristo, Mata dos Sete Montes e Sinagoga – partida às 06:00h e chegada às 20:00h

Quem é Jesus? O que é que “os homens” dizem de Jesus?
Muitos dos nossos conterrâneos veem em Jesus um homem bom, generoso, atento aos sofrimentos dos outros, que sonhou com um mundo diferente; outros vêem em Jesus um admirável “mestre” de moral, que tinha uma proposta de vida “interessante”, mas que não conseguiu impor os seus valores; alguns veem em Jesus um admirável condutor de massas, que acendeu a esperança nos corações das multidões carentes e órfãs, mas que passou de moda quando as multidões deixaram de se interessar pelo fenómeno; outros, ainda, veem em Jesus um revolucionário, ingénuo e inconsequente, preocupado em construir uma sociedade mais justa e mais livre, que procurou promover os pobres e os marginais e que foi eliminado pelos poderosos. Para os discípulos, Jesus foi bem mais do que “um homem”. Ele foi e é “o Messias, o Filho de Deus vivo”. Defini-l’O dessa forma significa reconhecer em Jesus o Deus que o Pai enviou ao mundo com uma proposta de salvação e de vida plena, destinada a todos os homens.
“E vós, quem dizeis que Eu sou?”
É uma pergunta que deve, de forma constante, ecoar nos nossos ouvidos e no nosso coração. Responder a esta questão não significa papaguear lições de catequese ou tratados de teologia, mas sim interrogar o nosso coração e tentar perceber qual é o lugar que Cristo ocupa na nossa existência… Responder a esta questão obriga-nos a pensar no significado que Cristo tem na nossa vida, na atenção que damos às suas propostas, na importância que os seus valores assumem nas nossas opções, no esforço que fazemos ou que não fazemos para o seguir…
Quem é Cristo para mim?