17 de agosto de 2014

Domingo XX do Tempo Comum

Mulher,

é grande a tua fé!

A liturgia deste Domingo reflete sobre a universalidade da salvação. Deus ama cada um dos seus filhos e a todos convida para o banquete do Reino.
Na primeira leitura, Deus garante ao seu Povo a chegada de uma nova era, na qual se vai revelar plenamente a salvação de Deus. No entanto, essa salvação não se destina apenas a Israel: destina-se a todos os homens e mulheres que aceitarem o convite para integrar a comunidade do Povo de Deus.
A segunda leitura sugere que a misericórdia de Deus se derrama sobre todos os seus filhos, mesmo sobre aqueles que, como Israel, rejeitam as suas propostas. Deus respeita sempre as opções dos homens; mas não desiste de propor, em todos os momentos e a todos os seus filhos, oportunidades novas de acolher essa salvação que Ele quer oferecer.
O Evangelho apresenta a realização da profecia de Isaías, apresentada na primeira leitura. Jesus, depois de constatar como os fariseus e os doutores da Lei recusam a sua proposta do Reino, entra numa região pagã e demonstra como os pagãos são dignos de acolher o dom de Deus. Face à grandeza da fé da mulher cananeia, Jesus oferece-lhe essa salvação que Deus prometeu derramar sobre todos os homens e mulheres, sem exceção. Esta mulher, na sua humildade, nem sequer reivindica equiparar-se a esse Povo eleito, convidado por Deus para o banquete do Reino… Ela está disposta a ficar apenas com “as migalhas” que caem da mesa; mas pede insistentemente que lhe permitam ter acesso a essa salvação que Jesus traz. Ao contrário, os fariseus e doutores da Lei, fechados na sua autossuficiência e nos seus preconceitos, rejeitam continuamente essa salvação que Jesus não cessa de lhes oferecer.
No final de toda esta caminhada de afirmação da “bondade” e do “merecimento” desses pagãos que a teologia oficial de Israel desprezava, Jesus conclui: “Mulher, grande é a tua fé. Faça-se como desejas”. A afirmação de Jesus significa: “na verdade tu estás disposta a acolher-Me como o enviado do Pai e a aceitar o pão do Reino, o pão com que Deus mata a fome de vida de todos os seus filhos. Recebe essa salvação que se destina a todos aqueles que têm o coração aberto aos dons de Deus”.
A proposta de Jesus é para todos. A comunidade de Jesus é, verdadeiramente, uma comunidade universal. Aquilo que é decisivo, no acesso à salvação, é a fé – isto é, a capacidade de aderir a Jesus e à sua proposta de vida.

Liturgia da Palavra do Domingo XX do Tempo Comum

I Leitura                 Is 56, 1.6-7

«Conduzirei os filhos dos estrangeiros ao meu santo monte»

A “Casa de Deus”, designada também por “montanha santa”, é agora a sua Igreja, que tem as portas abertas a todos os povos e a todos os homens. A leitura do Evangelho vai demonstrar que é verdadeira esta afirmação, que já vem do Antigo Testamento. O que não significa que a Casa de Deus seja lugar de confusão. Se todos nela têm lugar, é para ali se encontrarem na unidade da mesma fé: trata-se da Casa “do Senhor”, e não apenas de um lugar de encontro de homens.           
                               
Salmo     66 (67)
Louvado sejais, Senhor, pelos povos de toda a terra.

II Leitura:             Rom 11, 13-15.29-32

«Os dons e o chamamento de Deus para com Israel são irrevogáveis»

S. Paulo, a propósito da incredulidade dos judeus, que não aceitaram Jesus Cristo, diz que isso acabou por ser ocasião de os pagãos receberem mais depressa o Evangelho; mas, como os dons de Deus são irrevogáveis, dia virá em que também os judeus alcançarão de Deus a graça da conversão a Cristo, visto que foi a eles antes de todos os outros que Deus fez as suas promessas de salvação.
               
Aclamação ao Evangelho                   Mt 4, 2

Jesus proclamava o evangelho do reino e curava todas as doenças entre o povo.              

Evangelho:                            Mt 15, 21-28

«Mulher, é grande a tua fé»

Esta leitura vem culminar as duas anteriores, que excecionalmente coincidem todas no mesmo ponto: Deus dirige o seu apelo a todos os homens, mesmo aos de fora do povo judeu. A mulher cananeia é estrangeira em relação ao povo de Israel, mas, pela fé, tornou-se mais próxima do Senhor do que muitos desse povo, que O rejeitaram. É a fé que aproxima de Deus, e não o sangue.

Vivemos num mundo de contradições.
Por um lado, o intercâmbio de ideias, de experiências, de notícias, o contacto fácil, rápido e direto com qualquer pessoa, em qualquer canto do mundo, contribuem para nos abrir horizontes, para nos ensinar o respeito pela diferença, para nos fazer descobrir a riqueza de cada povo e de cada cultura… Por outro lado, o egoísmo, a autossuficiência, o medo dos conflitos sociais, o sentimento de que um determinado estilo de vida pode estar ameaçado, provocam o racismo e a xenofobia e levam-nos a fechar as portas àqueles que querem cruzar as nossas fronteiras à procura de melhores condições de vida…
No entanto, o nosso Deus convida-nos a abrir o nosso coração à universalidade, à diferença. Os outros homens e mulheres – estrangeiros, diferentes, com outra cor de pele, com outra língua, com outros valores ou com outra religião – são irmãos nossos, que devemos acolher e amar. A Igreja é a comunidade do Povo de Deus. Todos os seus membros são filhos do mesmo Deus e irmãos em Jesus, embora pertençam a raças diferentes, a culturas diferentes e a extratos sociais diferentes.
A misericórdia de Deus não abandona nenhum dos seus filhos, mesmo aqueles que numa determinada fase da caminhada rejeitam as suas propostas. Deus respeita sempre as opções livres dos homens; mas não desiste de propor oportunidades infindáveis de salvação, que só esperam o “sim” do homem.
“Deus escreve direito por linhas tortas”. Do mal, Ele é sempre capaz de retirar o bem. Aquilo que, muitas vezes, nos parece ilógico e sem sentido, talvez faça parte dos projetos de Deus – projetos que nem sempre conseguimos entender e enquadrar nos nossos esquemas mentais.
Temos de aprender a confiar em Deus e na forma como Ele dirige a história, mesmo quando não conseguimos entender os seus projetos.

Palavra de Deus para a semana de 18 a 23 de agosto  


18
Seg
Ez 24, 15-24 - Salmo Deut 32, 18-19. 20. 21- Mt 19, 16-22
Bem-aventurados os pobres em espírito,porque deles é o reino dos Céus.
19
Ter
S. João Eudes, presbítero – MF
Ez 28, 1-10 - Salmo Deut 32, 26-27ab. 27cd-28. 30. 35cd-36ab - Mt 19, 23-30
«É mais fácil passar um camelo pelo fundo duma agulha
do que um rico entrar no reino de Deus»
20
Qua
S. Bernardo, abade e doutor da Igreja – MO
Ez 34, 1-11 - Salmo 22 (23) - Mt 20, 1-16a
A palavra de Deus é viva e eficaz,
conhece os pensamentos e intenções do coração.
21
Qui
S. Pio X, papa – MO
Ez 36, 23-28 - Salmo 50 (51) - Mt 22, 1-14
Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações.
22
Sex
Is 9, 1-6 - Salmo 112 (113) - Lc 1, 26-38
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco;
bendita sois Vós entre as mulheres.
23
Sáb
S. Rosa de Lima, virgem – MF
Ez 43, 1-7a - Salmo 84 (85) - Mt 23, 1-12
Um só é o vosso Pai, o Pai celeste; um só é o vosso mestre, Jesus Cristo.

PREPARANDO A LITURGIA PARA O DOMINGO XXI DO TEMPO COMUM


Is 22, 19-23          «Porei aos seus ombros a chave da casa de David»

Salmo     137 (138)
Senhor, a vossa misericórdia é eterna: não abandoneis a obra das vossas mãos.

Rom 11, 33-36     «D’Ele, por Ele e para Ele são todas as coisas»

Mt 16, 13-20        «Tu és Pedro e dar-te-ei as chaves do reino dos Céus»

Intenções para a Eucaristia de 17 de agosto (10:00h)

Benilde Delfina da Luz Pinto; Pais de António da Luz Pinto; Joaquim Pinto Vieira e esposa; António da Silva Luís, do Lameu; José Ferreira Aguiar; Associados da Mensagem de Fátima; Maria da Conceição Moreira, de Vila; 7.º dia por Rosa de Jesus Carneiro; Almas do Purgatório


Intenções para a Eucaristia de 24 de agosto (10:00h)

Maria da Conceição da Silva, de Requim; Manuel de Araújo Barbosa; Manuel da Silva Pinto; Manuel Pinto da Costa; José da Silva Pinto; Maria Emília Ferreira, da Sra. da Piedade; Manuel Vieira Ribeiro, pais e sogros; Manuel Alfredo da Fonseca Soares; António Pereira de Freitas e esposa; Missa da Associação por Rosa de Jesus Carneiro

Agenda


17 ago 
    • Adoração ao Santíssimo Sacramento, igreja, 15:00h 

24 ago 
    • Eucaristia, igreja, 10:00h


Quem é que é cristão?
Quem é que pode fazer parte da comunidade de Jesus?
A resposta está implícita na história da mulher cananeia: torna-se membro da comunidade de Jesus quem aceita a sua oferta de salvação, quem acolhe o Reino, adere a Jesus e ao Evangelho.
O que é determinante, para integrar a comunidade do Reino, não é a raça, a cor da pele, o local de nascimento, a tradição familiar, a formação académica, a capacidade intelectual, a visibilidade social, o cumprimento de ritos, a receção de sacramentos, mas a fé: adesão a Jesus e à sua proposta de salvação.
Teoricamente, ninguém põe em causa que a Igreja nascida de Jesus seja uma comunidade aberta a todos os homens e mulheres, de todas as raças, culturas, classes sociais, quadrantes políticos…
Na prática, será que todos encontram na Igreja um espaço de comunhão, de amor, de fraternidade?
Os homens e as mulheres, os casados e os divorciados, os pobres e os ricos, os instruídos e os analfabetos, os conhecidos e os desconhecidos, os bons e os maus, os novos e os velhos, todos são acolhidos na comunidade cristã sem discriminação e todos são convidados a pôr a render, para benefício dos irmãos, os talentos que Deus lhes deu?
Independentemente do que os documentos da Igreja dizem, do que o Papa ou os bispos dizem, o que é que eu faço para que a minha comunidade cristã seja um espaço de fraternidade, onde todos se sentem acolhidos e amados?