28 de setembro de 2014

Domingo XXVI do Tempo Comum

Filho, vai hoje
Trabalhar na vinha

Mt 21, 28

A liturgia do 26º Domingo do Tempo Comum deixa claro que Deus chama todos os homens e mulheres a empenhar-se na construção desse mundo novo de justiça e de paz que Deus sonhou e que quer propor a todos os homens. Diante da proposta de Deus, nós podemos assumir duas atitudes: ou dizer “sim” a Deus e colaborar com Ele, ou escolher caminhos de egoísmo, de comodismo, de isolamento e demitirmo-nos do compromisso que Deus nos pede. A Palavra de Deus exorta-nos a um compromisso sério e coerente com Deus – um compromisso que signifique um empenho real e exigente na construção de um mundo novo, de justiça, de fraternidade, de paz.

Na primeira leitura, o profeta Ezequiel convida os israelitas exilados na Babilónia a comprometerem-se de forma séria e consequente com Deus, sem rodeios, sem evasivas, sem subterfúgios. Cada crente deve tomar consciência das consequências do seu compromisso com Deus e viver, com coerência, as implicações práticas da sua adesão a Deus e à Aliança.

A segunda leitura apresenta aos cristãos de Filipos (e aos cristãos de todos os tempos e lugares) o exemplo de Cristo: apesar de ser Filho de Deus, Cristo não afirmou com arrogância e orgulho a sua condição divina, mas assumiu a realidade da fragilidade humana, fazendo-se servidor dos homens para nos ensinar a suprema lição do amor, do serviço, da entrega total da vida por amor. Os cristãos são chamados por Deus a seguir Jesus e a viver do mesmo jeito, na entrega total ao Pai e aos seus projetos.

O Evangelho diz como se concretiza o compromisso do crente com Deus… O “sim” que Deus nos pede não é uma declaração teórica de boas intenções, sem implicações práticas; mas é um compromisso firme, coerente, sério e exigente com o Reino, com os seus valores, com o seguimento de Jesus Cristo. O verdadeiro crente não é aquele que “dá boa impressão”, que finge respeitar as regras e que tem um comportamento irrepreensível do ponto de vista das convenções sociais; mas é aquele que cumpre na realidade da vida a vontade de Deus.

Liturgia da Palavra do Domingo XXVI do Tempo Comum


I Leitura                                 Ez 18, 25-28
«Quando o pecador se afastar do mal, salvará a sua vida»

A liturgia da palavra deste domingo vai insistir na sinceridade profunda do coração e na resposta autêntica e prática que ele dá ou não à palavra de Deus. A todo o momento, logo que o homem se converter a essa palavra e por ela orientar a sua vida, logo o Senhor o acolherá. Deus não é de vinganças; é sim salvador.
                               
Salmo     24 (25)
Lembrai-Vos, Senhor, da vossa misericórdia.

II Leitura:                             Filip 2, 1-11
«Tende os mesmos sentimentos de Cristo Jesus»

Para incutir nos cristãos sentimentos de união e de perdão mútuo, S. Paulo não encontra melhor maneira do que lembrar-lhes os sentimentos de Jesus Cristo, manifestados na sua Paixão. A leitura é, na segunda parte, um verdadeiro hino pascal, talvez mesmo um hino das primeiras gerações cristãs para celebrar o mistério pascal do Senhor, incluído depois por S. Paulo nesta sua carta. É uma passagem da Sagrada Escritura que não pode ser ignorada pelo comum dos cristãos.
                               
Aclamação ao Evangelho                   Jo 10, 27
As minhas ovelhas ouvem a minha voz, diz o Senhor;
Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me.
               
Evangelho:                            Mt 21, 28-32
«Arrependeu-se e foi. Os publicanos e as mulheres de má vida
irão adiante de vós para o reino de Deus»

Enquanto a palavra de Deus não descer ao coração do homem e o tocar e o converter, não são as palavras, mesmo santas, que lhe saem da boca que o fazem entrar no reino de Deus. Mas, logo que o coração estiver convertido e voltado para Deus, logo o Senhor o acolhe e o recebe como um pai. É que os caminhos de Deus não são como os dos homens.       

Um compromisso com Deus é algo que nos implica profundamente e que devemos sentir pessoalmente, sem rodeios, sem evasivas, sem subterfúgios. No nosso tempo – no tempo da cultura do plástico, do “light”, do efémero – há alguma tendência a não assumir responsabilidades, a não absolutizar os compromissos: “o que é verdade hoje, é mentira amanhã”. Mas, com Deus, não há meias tintas: ou se assume, ou não se assume.
O profeta Ezequiel convida-nos a assumir, com verdade e coerência, a nossa responsabilidade pelos nossos gestos de egoísmo e de autossuficiência em relação a Deus e em relação aos irmãos.
Os valores que marcaram a existência de Cristo continuam a não ser demasiado apreciados em muitos dos nossos ambientes contemporâneos. De acordo com os critérios que presidem ao nosso mundo, os grandes “ganhadores” não são os que põem a sua vida ao serviço dos outros, com humildade e simplicidade, mas são os que enfrentam o mundo com agressividade, com autossuficiência e fazem por ser os melhores, mesmo que isso signifique não olhar a meios para passar à frente dos outros. Como pode um cristão (obrigado a viver inserido neste mundo e a ser competitivo) conviver com estes valores?
Paulo tem consciência de que está a pedir aos seus cristãos algo realmente difícil; mas é algo que é fundamental, à luz do exemplo de Cristo.
Também a nós é pedido um passo em frente neste difícil caminho da humildade, do serviço, do amor: será possível que, também aqui, sejamos as testemunhas da lógica de Deus?

Palavra de Deus para a semana de 29 de setembro  a 4 de outubro


29
Seg
S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael, Arcanjos – FESTA
Dan 7, 9-10. 13-14 ou Ap 12, 7-12a - Salmo 137 (138) - Jo 1, 47-51      
Bendizei o Senhor todos os seus exércitos,
poderosos executores da sua vontade.
30
Ter
S. Jerónimo, presbítero e doutor da Igreja – MO
Job 3, 1-3. 11-17. 20-2 -  Salmo 87 (88) - Lc 9, 51-56
O Filho do homem veio para servir e dar a vida pela redenção dos homens.
1
Qua
S. Teresa do Menino Jesus, virgem e doutora da Igreja – MO
Job 9, 1-12. 14-16 - Salmo 87 (88) - Lc 9, 57-62
Considero todas as coisas como prejuízo,
para ganhar a Cristo e n’Ele me encontrar.
2
Qui
Santos Anjos da Guarda – MO
Job 19, 21-27 - Salmo 26 (27) - Mt 18, 1-5. 10
Está próximo o reino de Deus: arrependei-vos e acreditai no Evangelho.
3
Sex
Job 38, 1. 12-21; 40, 3-5 - Salmo 138 (139) - Lc 10, 13-16
Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações.
4
Sáb
S. Francisco de Assis – MO
Job 42, 1-3.5-6.12-16 (hebr. 1-3.5-6.12-17) - Salmo 118 (119) - Lc 10, 17-24
Bendito sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque revelastes aos pequeninos os mistérios do reino.



PREPARANDO A LITURGIA PARA O DOMINGO XXVII DO TEMPO COMUM


Is 5, 1-7                                 «A vinha do Senhor do Universo é a casa de Israel»

Salmo     79 (80)                  A vinha do Senhor é a casa de Israel.

Filip 4, 6-9                            «Ponde isto em prática e o Deus da paz estará convosco»

Mt 21, 33-43                       «Arrendará a vinha a outros vinhateiros»


Intenções para a Eucaristia de 28 de setembro (10:00h)

Maria Emília Ferreira, da Sra. da Piedade; Manuel Vieira Ribeiro, pais e sogros; Manuel Alfredo da Fonseca Soares; Joaquim Moreira e esposa, do Alto; Maria Luísa de Sousa e marido, de Vila Nova; Joaquim Vieira e esposa, das Regadas; Gualter Ferraz Pinto, de Vila Nova; Maria Emília Leal Teixeira; Maria da Conceição Aguiar Pinto

Intenções para a Eucaristia de 4 de outubro (19:30h)



Aniv. Nat. Maria Conceição Soares; João de Jesus Pinto, de Requim, Mãe e sogros; Natália Fernanda da Silva Alves e seus avós; Margarida Teixeira de Jesus, marido e filho; Antero Pinto; Maria Rosa Leal Pinheiro; Emídio Luís, Maria da Conceição Alves e filho; António Pinto Melo; Alexandre da Silva Azeredo

Agenda

4 out
    •  Oração de Vésperas 1º Sábado, igreja, 19:00h
    • Eucaristia, igreja, 19:30h
11 out
    • Eucaristia, igreja, 18:30h

A parábola dos dois filhos chamados para trabalhar “na vinha” do pai sugere que, na perspetiva de Deus, todos os seus filhos são iguais e têm a mesma responsabilidade na construção do Reino. Deus tem um projeto para o mundo e quer ver todos os seus filhos – sem distinção de raça, de cor, de estatuto social, de formação intelectual – implicados na concretização desse projeto. Ninguém está dispensado de colaborar com Deus na construção de um mundo mais humano, mais justo, mais verdadeiro, mais fraterno.   Tenho consciência de que também eu sou chamado a trabalhar na vinha de Deus?  
Diante do chamamento de Deus, há dois tipos de resposta… Há aqueles que escutam o chamamento de Deus, mas não são capazes de vencer o imobilismo, a preguiça, o comodismo, o egoísmo, a autossuficiência e não vão trabalhar para a vinha (mesmo que tenham dito “sim” a Deus e tenham sido batizados); e há aqueles que acolhem o chamamento de Deus e que lhe respondem de forma generosa. De que lado estou eu? Estou disposto a comprometer-me com Deus, a aceitar os seus desafios, a empenhar-me na construção de um mundo mais bonito e mais feliz, ou prefiro demitir-me das minhas responsabilidades e renunciar a ter um papel ativo no projeto criador e salvador que Deus tem para os homens e para o mundo? 
O que é que significa, exatamente, dizer “sim” a Deus? É ser batizado ou crismado? É casar na igreja? É ir todos os dias à missa? Atenção: na parábola apresentada por Jesus, não chega dizer um “sim” inicial a Deus; mas é preciso que esse “sim” inicial se confirme, depois, num verdadeiro empenho na “vinha” do Senhor. Ou seja: não bastam palavras e declarações de boas intenções; é preciso viver, dia a dia, os valores do Evangelho, seguir Jesus nesse caminho de amor e de entrega que Ele percorreu, construir, com gestos concretos, um mundo de justiça, de bondade, de solidariedade, de perdão, de paz. Como me situo face a isto: sou um cristão “de registo”, que tem o nome nos livros da paróquia, ou sou um cristão “de facto”, que dia a dia procura acolher a novidade de Deus, perceber os seus desafios, responder aos seus apelos e colaborar com Ele na construção de uma nova terra, de justiça, de paz, de fraternidade, de felicidade para todos os homens?