21 de setembro de 2014

Domingo XXV do Tempo Comum

O Senhor está perto de quantos O invocam

Salmo 144 (145)

A liturgia do 25º Domingo do Tempo Comum convida-nos a descobrir um Deus cujos caminhos e cujos pensamentos estão acima dos caminhos e dos pensamentos dos homens, quanto o céu está acima da terra. Sugere-nos, em consequência, a renúncia aos esquemas do mundo e a conversão aos esquemas de Deus.
A primeira leitura pede aos crentes que voltem para Deus. “Voltar para Deus” é um movimento que exige uma transformação radical do homem, de forma a que os seus pensamentos e ações reflitam a lógica, as perspetivas e os valores de Deus. O homem tem sempre tendência a construir um deus à sua imagem, um deus previsível e domesticado que funcione de acordo com a lógica e a mentalidade do homem. No entanto, Deus não pode ser reduzido aos nossos esquemas humanos: os seus pensamentos não são os pensamentos do homem, as suas reações não são as reações do homem, os seus caminhos não são os caminhos do homem. “Converter-se” é, a este nível, aprender que Deus não é redutível às nossas lógicas e esquemas humanos; e é aprender que Deus tem os seus próprios caminhos, diferentes dos nossos… “Converter-se” é, a este nível, prescindir das nossas certezas, preconceitos e autossuficiências, confiar em Deus e na bondade dos caminhos através dos quais ele conduz a história da salvação.
A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de um cristão (Paulo) que abraçou, de forma exemplar, a lógica de Deus. Renunciou aos interesses pessoais e aos esquemas de egoísmo e de comodismo, e colocou no centro da sua existência Cristo, os seus valores, o seu projeto. Para Paulo, Cristo é que é a autêntica vida. Ele é a razão de ser e de viver do apóstolo. Na perspetiva de Paulo, a morte seria bem vinda, não como libertação das dificuldades e das dores que se experimentam na vida terrena, mas como caminho direto para o encontro definitivo, imediato, sem intermediários, com Cristo. Paulo não se importaria nada de morrer a curto prazo, porque isso significaria a comunhão total com Cristo.
O Evangelho diz-nos que Deus chama à salvação todos os homens, sem considerar a antiguidade na fé, os créditos, as qualidades ou os comportamentos anteriormente assumidos. A Deus interessa apenas a forma como se acolhe o seu convite. Pede-nos uma transformação da nossa mentalidade, de forma a que a nossa relação com Deus não seja marcada pelo interesse, mas pelo amor e pela gratuidade.

Liturgia da Palavra do Domingo XXV do Tempo Comum


I Leitura                 Is 55, 6-9
«Os meus pensamentos não são os vossos»

O Evangelho vai apresentar-nos uma parábola, na qual se vê a liberdade e o amor com que Deus trata os homens, mesmo sem eles saberem, por vezes, apreciar essa bondade. Nesta leitura, o profeta vai-nos já prevenindo de que os caminhos de Deus não são como os dos homens, que têm dificuldade em compreender que o amor é mais generoso do que aquilo a que, por vezes, chamamos justiça.
               
Salmo                     144 (145)
O Senhor está perto de quantos O invocam.

II Leitura:             Filip 1, 20c-24.27a
«Para mim, viver é Cristo»

S. Paulo escreve estas palavras na prisão. Nelas mostra que todo o seu ideal é apenas servir a Cristo. Viver ou morrer é para ele coisa secundária; interessa-lhe, sim, estar sempre unido a Cristo. Ele é a sua vida. A própria morte o conduzirá ainda à união a Cristo: por isso, ela é para ele um lucro. Assim ele deseja que todos os cristãos vivam com ideal semelhante ao seu.

Aclamação ao Evangelho                   Atos 16, 14b
Abri, Senhor, os nossos corações,
para aceitarmos a palavra do vosso Filho.

Evangelho:            Mt 20, 1-16a
«Serão maus os teus olhos porque eu sou bom?»

Esta parábola quer fazer-nos compreender que Deus é bom, e que a todos os homens que se disponham a servi-l’O Ele oferece a entrada no seu reino. Segundo o primeiro sentido da parábola, os operários da primeira hora foram os judeus; os outros, são os que, ao longo dos tempos, vão entrando na Igreja de Deus. A todos o Senhor abre as portas da salvação, porque, se para uns Se mostrou bondoso desde a primeira hora, para todos os outros Ele reserva os mesmos dons. Não há, pois, lugar para invejas, onde tudo é puro dom gratuito de Deus.

O Reino de Deus (esse mundo novo de salvação e de vida plena) é para todos sem exceção. Para Deus não há marginalizados, excluídos, indignos, desclassificados… Para Deus, há homens e mulheres – todos seus filhos, independentemente da cor da pele, da nacionalidade, da classe social – a quem Ele ama, a quem Ele quer oferecer a salvação e a quem Ele convida para trabalhar na sua vinha. A única coisa verdadeiramente decisiva é se os interpelados aceitam ou não trabalhar na vinha de Deus. Fazer parte da Igreja de Jesus é fazer uma experiência radical de comunhão universal.
Todos têm lugar na Igreja de Jesus… Mas todos terão a mesma dignidade e importância? Jesus garante que sim. Não há trabalhadores mais importantes do que os outros, não há trabalhadores de primeira e de segunda classe. O que há é homens e mulheres que aceitaram o convite do Senhor – tarde ou cedo, não interessa – e foram trabalhar para a sua vinha.
Deus não faz negócio com os homens: Ele não precisa da mercadoria que temos para Lhe oferecer. O Deus que Jesus anuncia é o Pai que quer ver os seus filhos livres e felizes e que, por isso, derrama o seu amor, de forma gratuita e incondicional, sobre todos eles. Entender que Deus não é um negociante, mas um Pai cheio de amor pelos seus filhos, significa também renunciar a uma lógica interesseira no nosso relacionamento com ele. O cristão não faz as coisas por interesse, ou de olhos postos numa recompensa (o céu, a “sorte” na vida, a eliminação da doença, o adivinhar a chave da lotaria), mas porque está convicto de que esse comportamento que Deus lhe propõe é o caminho para a verdadeira vida. Quem segue o caminho certo, é feliz, encontra a paz e a serenidade e colhe, logo aí, a sua recompensa.
O nosso Deus é o Deus que oferece gratuitamente a salvação a todos os seus filhos, independentemente da sua antiguidade, créditos, qualidades, ou comportamentos. Os membros da comunidade do Reino não devem, por isso, fazer o bem em vista de uma determinada recompensa, mas para encontrarem a felicidade, a vida verdadeira e eterna.

Palavra de Deus para a semana de 22 a 27 de setembro  


22
Seg
Prov 3, 27-34 - Salmo 14 (15) - Lc 8, 16-18
Brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras
e glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus.
23
Ter
S. Pio de Pietrelcina, presbítero – MF
Prov 21, 1-6. 10-13 - Salmo 118 (119) - Lc 8, 19-21
Felizes os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática.
24
Qua
Prov 30, 5-9 - Salmo 118 (119) - Lc 9, 1-6
Está próximo o reino de Deus: arrependei-vos e acreditai no Evangelho.
25
Qui
Co 1, 2-11 - Salmo 89 (90) - Lc 9, 7-9
Eu sou o caminho, a verdade e a vida, diz o Senhor;
ninguém vai ao Pai senão por Mim.
26
Sex
S. Cosme e S. Damião, mártires – MF
Co 3, 1-11 - Salmo 14- Lc 9, 18-22
O Filho do homem veio para servir e dar a vida pela redenção dos homens.
27
Sáb
S. Vicente de Paulo, presbítero – MO
Co 11, 9 – 12, 8 - Salmo 89 (90) - Lc 9, 43b-45
Jesus Cristo, nosso Salvador, destruiu a morte
e fez brilhar a vida por meio do Evangelho.



PREPARANDO A LITURGIA PARA O DOMINGO XXVI DO TEMPO COMUM


Ez 18, 25-28                         «Quando o pecador se afastar do mal, salvará a sua vida»

Salmo     24 (25)                  Lembrai-Vos, Senhor, da vossa misericórdia.

Filip 2, 1-11                          «Tende os mesmos sentimentos de Cristo Jesus»

Mt 21, 28-32                       «Arrependeu-se e foi. Os publicanos e as mulheres de má vida
irão adiante de vós para o reino de Deus»

Intenções para a Eucaristia de 21 de setembro (10:00h)

Maria da Conceição Moreira, de Vila; Manuel da Silva Pinto; Manuel Pinto da Costa; José da Silva Pinto; António Pereira de Freitas e esposa; António Carneiro Silva e sogro; Associados da Mensagem de Fátima; José Gomes Araújo; Emídio Ribeiro; Associados da Mensagem de Fátima




Intenções para a Eucaristia de 28 de setembro (10:00h)

Maria Emília Ferreira, da Sra. da Piedade; Manuel Vieira Ribeiro, pais e sogros; Manuel Alfredo da Fonseca Soares; Joaquim Moreira e esposa, do Alto; Maria Luísa de Sousa e marido, de Vila Nova; Joaquim Vieira e esposa, das Regadas; Gualter Ferraz Pinto, de Vila Nova; Maria Emília Leal Teixeira; Maria da Conceição Aguiar Pinto

Agenda

28 set
    • Eucaristia, igreja, 10:00h 



O homem só poderá converter-se a Deus e abraçar os seus esquemas e valores, se se mantiver em comunhão com Ele. É na escuta e na reflexão da Palavra de Deus, na oração frequente, na atitude de disponibilidade para acolher a vida de Deus, na entrega confiada nas mãos de Deus, que o crente descobrirá os valores de Deus e os assumirá. Aos poucos, a ação de Deus irá transformando a mentalidade desse crente, de forma a que ele viva e testemunhe Deus e as suas propostas para os homens.
A conversão é um processo nunca acabado. Todos os dias o crente terá de optar entre os valores de Deus e os valores do mundo, entre conduzir a sua vida de acordo com a lógica de Deus ou de acordo com a lógica dos homens. Por isso, o verdadeiro crente nunca cruza os braços, instalado em certezas definitivas ou em conquistas absolutas, mas esforça-se por viver cada instante em fidelidade dinâmica a Deus e às suas propostas.

Diante de Cristo, todos os interesses pessoais e materiais de Paulo passam a um plano absolutamente secundário. O apóstolo vive de Cristo e para Cristo; nada mais lhe interessa. Paulo aparece, neste aspeto, como o perfeito modelo do cristão: para os batizados, Cristo deveria ser o centro de todas as referências e interesses, a “pedra angular” à volta da qual se constrói a existência cristã.
Que significa Cristo para mim? Ele é a referência fundamental à volta da qual tudo se articula, ou é apenas mais um entre muitos interesses a partir dos quais eu vou construindo a minha vida? Quando tenho de optar, para que lado cai a minha escolha: para o lado de Cristo, ou para o lado dos meus interesses pessoais?