Há mais alegria em dar (-se) (At 20,35)!
Felizes
os misericordiosos (Mt 5,7)!
Caminhada de Advento – Natal – 2015-2016
Palavra de Abertura
“Queremos uma Igreja que faça
experiência da misericórdia de Deus e que a traduza em toda a sua vida” (Plano Diocesano
de Pastoral – PDP - 2015-2020, pág. 30).
Inspirada neste sonho e alicerçada
nesta vontade, pretende-se com esta Caminhada
de Advento – Natal de 2015-2016, a exemplo do que fizemos no ano passado,
unir, congregar e mobilizar toda a comunidade diocesana, dando assim seguimento
ao fortalecimento da pastoral da comunhão e ao caminho sinodal que desejamos
para a nossa Diocese.
É uma proposta de vivência semanal do
“tempo favorável” que Deus nos oferece para preparar e celebrar o nascimento de
Jesus. Guia-nos nesta proposta o lema deste Ano Pastoral: “A Alegria do Evangelho é a nossa missão: felizes os misericordiosos”.
Pensada à luz da estrela que brilha
em cada Natal e envolvida pela ternura, pela bondade e pela misericórdia de
Deus que nos envia o Seu Filho nascido de Maria, esta Caminhada ajudará, assim, as famílias e as comunidades da nossa
Diocese:
. a
descobrir a condição alegre e feliz da nossa identidade cristã (PDP, pág. 35);
. a
ser uma Igreja decidida a construir a fraternidade, mediante a partilha de
dons, com uma atenção privilegiada aos
mais pobres e frágeis da sociedade (PDP, pág. 29);
. a
promover uma educação ecológica, uma cultura de respeito pelos bens da Criação
e uma vida sóbria e simples em cada pessoa, família e comunidade (PDP, pág. 19);
. a
traduzir nos sentimentos, nos gestos e nas atitudes o “rosto” acolhedor e
missionário da Igreja do Porto, Mãe de bondade, de ternura e de misericórdia, a
exemplo de Maria, Mãe de Jesus.
O
Natal possui o fascínio e tem a missão de nos fazer concretizar o sonho de Deus
para a Humanidade, celebrado, vivido e contemplado no mistério da encarnação de
Jesus, Filho de Deus.
Não podemos guardar esta Alegria – a
Alegria do Evangelho do Natal – só para nós. Somos convidados a preparar com
todos os vizinhos ou os estranhos, os “caminhos do Senhor” e a acolher o
mistério do Natal no presépio do coração humano.
Como
dom oferecido a toda a Humanidade, este mistério do Natal tem de concretizar-se
em obras de misericórdia e em gestos de fraternidade, que levem a alegria do
Evangelho a todas as periferias do mundo. Comecemos pelas famílias, grupos
paroquiais, movimentos apostólicos e comunidades, este anúncio partilhado da
Alegria do Natal. Iniciemos, aí, este caminho ao encontro de Jesus e em busca
de proximidade e de fraternidade com os mais pobres e com os mais simples.
Enchamos
em cada semana o “cesto” dos nossos dons para que eles se transformem em
“cabaz” de generosidade, em “manjedoura” que acolhe e abriga a vida e em “sinal
vivo” da misericórdia e da salvação de Deus para todos.
Ninguém é indiferente ao Natal, mesmo que não
tenha fé! Pertence-nos, como cristãos, fazer do Natal de Jesus dom de Deus para
as famílias, comunidades, serviços, secretariados diocesanos e instituições da
Igreja e do Mundo.
A Caminhada, que agora propomos, não se
destina apenas ao percurso catequético, aos grupos de jovens, ou às celebrações
dominicais mas a toda a Comunidade e a cada Família. Dirige-se a toda a Diocese
e a cada um dos diocesanos do Porto. A todos deve envolver, integrar, acolher e
mobilizar.
Leva-nos
esta Caminhada de Advento – Natal ao encontro de Jesus, para que, a partir deste
encontro, como aconteceu com Maria e José, com os anjos de Deus, com os
pastores, com os magos e com tantos discípulos missionários de todos os tempos
saibamos fazer da “Alegria do Evangelho
a nossa missão” e proclamar com a palavra e com as obras: “Felizes os misericordiosos!”
Porto, 28 de outubro de 2015
António Francisco dos Santos
António Taipa
João
Lavrador
Pio Alves
1. Sentido da
caminhada: do cabaz à manjedoura
Do cabaz de Natal…
O cabaz de Natal, um cesto de vime, recheado
e decorado, faz parte das nossas tradições natalícias e é um símbolo da partilha e da “onda de solidariedade”
que este acontecimento desperta nos crentes e em todos os homens e mulheres de
boa vontade.
Hoje em dia é muito utilizado como forma de
agradecer a presença de alguém ao longo do ano, a companhia e a amizade dos
colegas de trabalho, ou ainda como expressão
de agradecimento pelo bom desempenho dos colaboradores de uma empresa ou
instituição.
Mas o cabaz é sobretudo um dos símbolos mais eloquentes do Natal e um dos gestos solidários mais
significativos, com os mais pobres e frágeis da terra.
…passando
pelo cabaz da Bíblia…
Podemos ir um pouco mais longe e tomar o
cabaz, a partir da simbologia bíblica associada ao cesto e à cesta. Este símbolo
pode reportar-nos ao cesto em que Moisés, filho de hebreus, o menino que
chorava, é salvo das águas (Ex 2,1-10) pela filha do faraó e, deste modo, pode
tornar-se sinal de proteção e salvação.
E pode lembrar-nos ainda o cesto em que os
judeus colocavam as primícias de todos os frutos da terra, que ofereciam no
altar ao Sumo Sacerdote (Dt 26,1-10), tornando-se expressão da gratidão para com
o Criador de todas as coisas.
Para o povo bíblico, o fim da opressão no
Egito é simbolizado pelo
salmista com esta afirmação: “aliviei os
seus ombros do fardo, as suas mãos livraram-se de carregar o cesto” (Sal 81,7).
Podemos ver neste “aliviar do cesto” um sinal da justiça e da libertação, operada por Deus na história, com a
grande epopeia do êxodo.
A “cesta de frutos maduros” (Am 8,1-2) é também
um dos símbolos proféticos, que anuncia e denuncia o tempo maduro, para Deus
intervir na história, tornando-se a voz do
clamor do povo eleito, que chega até Deus (Ex 3,7).
No
livro de Jeremias, “a cesta com figos
bons e maus” faz dos “figos bons”
a imagem do “resto de Israel”, daquela
porção do povo de Deus, que se mantém fiel à aliança, e pela qual Deus atende
misericordiosamente o Seu povo, reconduzindo-o do exílio à Terra Prometida.
Já
no Novo Testamento, o livro dos Atos dos Apóstolos lembra-nos como
São Paulo foi libertado da perseguição dos judeus, em Damasco, sendo “descido num cesto, por uma janela, ao longo
da muralha” (At 9,25; 2 Cor 11,33), para, deste modo, continuar o anúncio
feliz do Evangelho.
…até
à manjedoura de Belém!
Por este breve conjunto de textos, queremos ver
no cesto, na cesta e no cabaz, de
algum modo, uma espécie de símbolo da
nossa salvação, o instrumento através do qual experimentamos o agir
salvífico de Deus.
Neste Natal, o cabaz, que queremos apresentar,
cheio de bons frutos, terá de ser “esvaziado”. Procuraremos que esse “vazio”
aberto se encha de boas obras (expressas nos rolos de papel) e se torne assim “a
manjedoura”, o lugar onde se alberga a nossa salvação. O cabaz familiar esvaziado
no cabaz paroquial e este esvaziado na ajuda às famílias tornar-se-á então a
manjedoura que abriga a vida d’Aquele pelo Qual todos somos salvos: “um recém-nascido, envolto em faixas e
deposto numa manjedoura” (Lc 2,12).
Imbuídos e iluminados por esta simbologia
propomos a seguinte “Caminhada de Advento-Natal 2015-2016”, com o lema “Há mais
alegria em dar (-se)” (At 20,35)! “Felizes os misericordiosos” (Mt 5,7)!
2. Os passos da caminhada
Cada Domingo do Advento abrirá a semana com uma palavra-chave, a partir da Liturgia
da Palavra, expressar-se-á com um gesto
simbólico e proporá um desafio
concreto.
Os desafios devem ser propostos por cada comunidade,
tendo em conta a sua realidade concreta. Este guião apresenta algumas sugestões,
apenas como um subsídio, sujeito à criatividade, e a trabalhar no âmbito do
conselho pastoral ou de outros grupos ou organismos de corresponsabilidade da
comunidade. Deverá ser amplamente divulgado, pelos meios que se considerarem
ajustados, para poder ser assumido e vivido por todos. Uma vez concretizada a
proposta, em família, cada um deverá partilhá-la por escrito, num pequeno papel,
que depois de enrolado, será colocado no cabaz, em sua casa e posteriormente no
cabaz da Igreja.
Em cada Domingo do Advento, as famílias serão
convidadas a trazer os seus rolos de papel e a depositá-los no grande cabaz
paroquial (entretanto esvaziado), de tal forma que estes se “tornem” as “palhinhas”
da manjedoura, que acolherá o Menino Jesus.
3. Chave de
leitura do esquema da caminhada
§ A referência bíblica
diz respeito à citação bíblica que fundamenta a palavra-chave e a vivência
semanal.
§ A palavra-chave é a palavra a valorizar, a partir de uma
das leituras da Liturgia da Palavra de cada domingo.
§ O gesto simbólico, a
realizar em comunidade e em família, traduz-se num gesto concreto, em três
ações: encher, esvaziar, partilhar.
§ O desafio semanal é
o imperativo, que leva à concretização da palavra-chave. Cada imperativo é
acompanhado de algumas sugestões, para a vivência (pessoal) da caminhada, a
serem enriquecidas por outras que estejam (mais) de acordo com o contexto de
cada comunidade.
Exemplo:
1.º Domingo do Advento
§ A referência bíblica: “O Senhor vos faça crescer e abundar na
caridade uns para com os outros e para com todos (1 Ts 3,12).
§ A palavra-chave: Caridade.
§ Gesto simbólico: Cada
família (movimento, grupo paroquial) deve encontrar no seu espaço um lugar onde
possa ser colocado um pequeno cesto (cabaz) que na noite de Natal acolherá o
Menino Jesus. De acordo com as suas possibilidades, deve “rechear” este cabaz
com algumas ofertas que queira partilhar com os mais pobres. Depois de recheados
os cabazes, somos convidados a esvaziá-los, porque “há mais alegria em dar (-se)”.
Este gesto pretende simbolizar a caridade e a solidariedade humana, à luz do
Evangelho. Assim, na Eucaristia do domingo seguinte encontrar-se-á um momento e
uma forma, para que os bens que cada um partilhou, sejam reunidos e colocados,
em local visível, junto do cabaz paroquial. Este deve ser sinal da unidade,
fraternidade e comunhão.
§ Desafios para a vivência semanal: De
acordo com o imperativo “Dá”, sugerem-se algumas formas concretas de vivência
da palavra “Caridade”.
4. Quadro resumo da caminhada
Datas
|
Referências
bíblicas
|
Palavras-chave
|
Gestos
simbólicos
|
Desafios
para vivência semanal
(com algumas sugestões)
|
1.ª
Semana do Advento
|
“O
Senhor vos faça crescer e abundar na caridade uns para com os outros e para
com todos” (1 Ts 3,12)!
|
Caridade
|
- Apresentar o cabaz paroquial vazio.
- Construir o cabaz
em
família.
|
Dá!
- Abdicar de algo material e
colocá-lo no cabaz…
- Prestar atenção à família e
àqueles que a rodeiam.
- Auxiliar aqueles que necessitam
de ajuda
nas pequenas tarefas do dia a dia.
|
2.ª
Semana do Advento
|
“Tenho
plena confiança de que Aquele que começou em vós tão boa obra há de levá-la a
bom termo, até ao dia de Cristo Jesus” (Fl 1,6)!
|
Confiança
|
Esvaziar o cabaz familiar ou de
grupo
para o cabaz paroquial.
|
Confia!
- Dedicar algum do tempo à oração
confiante.
- Experimentar o conforto e o
consolo
de um Deus que confia em ti.
|
3.ª
Semana do Advento
|
“Seja
de todos conhecida
a
vossa bondade” (Fl 4,5)!
|
Bondade
|
- Esvaziar o cabaz paroquial.
- Começar a encher o cabaz
paroquial
com os “rolos”.
- Distribuir
o cabaz paroquial
pelos pobres.
|
Sê bom!
- Disponibilizar-se para ajudar
alguém.
- Visitar, sozinho ou em família, um amigo, um vizinho, um doente, uma
pessoa só.
|
4.ª
Semana do Advento
|
“Quando
Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio” (Lc
1,41)!
|
Acolhimento
|
Continuar a encher o cabaz
paroquial com os “rolos” (“palhinhas”).
|
Acolhe!
-
Telefonar/marcar um encontro com alguém que não se veja há muito tempo.
-
Procurar, dentro da comunidade, alguém que viva sozinho (ou não tenha
família)
para
partilhar a Ceia de Natal.
|
Natal
|
“Não
temais, porque vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo:
nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor” (Lc
2,10-11)!
|
Alegria
|
- Colocar o Menino Jesus no cabaz transformado em manjedoura.
- Dar o Menino a beijar.
|
Alegra-te!
Levar aos outros esta mensagem:
“Deus ama-te, Cristo veio por ti.
Para ti, Cristo é
Caminho, Verdade, Vida”!
|
Sagrada
Família
|
“Como
eleitos de Deus, santos e prediletos, revesti-vos de sentimentos de
misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e paciência” (Cl
3,12)!
|
Família
|
Dar o Menino Jesus
a beijar.
|
Agradece!
Partilha, com
amigos e vizinhos uma foto de família, etc…
|
Epifania
|
“Entraram
na casa, viram o Menino com Maria, Sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele,
adoraram-n’O” (Mt 2,11)!
|
Presença
|
Dar o Menino Jesus
a beijar.
|
Cuida!
- Ir ao encontro de alguém
com quem nunca se teve coragem de
dialogar.
- Sair da “zona de conforto” e tornar-se presente daquele que,
aparentemente, é mais frágil.
- Rezar pelos irmãos perseguidos, refugiados, impedidos de
adorar o Deus Menino em paz.
|
Batismo
do Senhor
|
“Tu
és o Meu Filho muito amado: em Ti pus toda a Minha complacência” (Lc
3,22)!
|
Porta
|
Ir ao batistério como quem atravessa
a porta da misericórdia.
|
Entra!
- Redescobrir o Batismo
como porta de acesso à comunidade.
- Assumir o compromisso no seio
desta comunidade, como discípulo missionário.
- Reler o Evangelho desta solenidade
como uma mensagem pessoal de Deus para cada um de nós.
|
Notas:
1. Antes
da primeira semana do Advento, preparar o cabaz da paróquia. Convém enumerar os
bens mais necessários ou urgentes a recolher, de acordo com as
necessidades/carências concretas da comunidade.
2. Definir,
de acordo com esta proposta, os diferentes “desafios
para vivência semanal” a propor à comunidade.