8 de março de 2015

Domingo III da Quaresma

EDIFICA



A liturgia do 3º Domingo da Quaresma dá-nos conta da eterna preocupação de Deus em conduzir os homens ao encontro da vida nova. Nesse sentido, a Palavra de Deus que nos é proposta apresenta sugestões diversas de conversão e de renovação.
Na primeira leitura, Deus oferece-nos um conjunto de indicações -“mandamentos”- que devem balizar a nossa caminhada pela vida. São indicações que dizem respeito às duas dimensões fundamentais da nossa existência: a nossa relação com Deus e a nossa relação com os irmãos.
Deus está interessado em que Israel se liberte definitivamente da escravidão e se torne um Povo livre e feliz. Ao colocar estes “sinais” no percurso do seu Povo, Deus está a propor ao Povo um caminho de liberdade e de vida plena. Os mandamentos pretendem ajudar Israel a deixar a escravidão do egoísmo, da autossuficiência, da injustiça, do comodismo, das paixões, da cobiça, de exploração… Os mandamentos nascem do amor de Deus a Israel e procuram indicar ao Povo o caminho para ser feliz. A resposta do Povo a essa preocupação de Deus será aceitar as indicações e viver de acordo com esses preceitos. Israel responderá, assim, ao amor de Deus e será feliz. É essa Aliança que Deus quer fazer com o seu Povo, é esse o “interesse” de Deus.
Na segunda leitura, o apóstolo Paulo sugere-nos uma conversão à lógica de Deus… É preciso que descubramos que a salvação, a vida plena, a felicidade sem fim não está numa lógica de poder, de autoridade, de riqueza, de importância, mas está na lógica da cruz – isto é, no amor total, no dom da vida até às últimas consequências, no serviço simples e humilde aos irmãos. A força e a “sabedoria de Deus” manifestam-se na fragilidade, na pequenez, na obscuridade, na pobreza, na humildade.
No Evangelho, Jesus apresenta-Se como o “Novo Templo” onde Deus Se revela aos homens e lhes oferece o seu amor. Convida-nos a olhar para Jesus e a descobrir nas suas indicações, no seu anúncio, no seu “Evangelho” essa proposta de vida nova que Deus nos quer apresentar. O Templo representava, no universo religioso judaico, a residência de Deus, o lugar onde Deus Se revelava e onde Se tornava presente no meio do seu Povo. Jesus é, agora, o lugar onde Deus reside, onde Se encontra com os homens e onde Se manifesta ao mundo. É através de Jesus que o Pai oferece aos homens o seu amor e a sua vida. Aquilo que a antiga Lei já não conseguia fazer – estabelecer relação entre Deus e os homens – é Jesus que, a partir de agora, o faz.

Liturgia da Palavra do Domingo III da Quaresma

I Leitura                 Ex 20, 1-3.7-8.12-17

«A lei foi dada por Moisés» (Jo 1, 17)

Na continuação das passagens especialmente significativas da história da salvação, lemos hoje a história de Moisés, o condutor do povo de Deus através do deserto, e aquele por meio de quem o Senhor deu a Lei que há de orientar para Si os passos do seu povo. Moisés é, assim, uma figura de Jesus, o verdadeiro Pastor do Povo de Deus, como no Tempo da Páscoa O iremos contemplar.

 Salmo 18 (19)

Senhor, Vós tendes palavras de vida eterna.

II Leitura:             1 Cor 1, 22-25

«Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os homens,
mas sabedoria de Deus para os que são chamados»

O mistério de Cristo crucificado, embora pareça um escândalo, é, no entanto, a manifestação da sabedoria de Deus, que assim, na aparente fraqueza do Crucificado, revela o poder salvador da sua graça.           

Aclamação ao Evangelho                   Jo 3, 16

Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho Unigénito;
quem acredita n’Ele tem a vida eterna.


Evangelho             Jo 2, 13-25

«Destruí este templo e em três dias o levantarei»

O templo arrasado e levantado em três dias é figura da Morte e da Ressurreição de Jesus. É Ele o templo verdadeiro. Destruído pelos homens, que Lhe deram a morte, Deus O levantou, mais glorioso do que antes, ao ressuscitá-l’O de entre os mortos.
                               
Como é que podemos encontrar Deus e chegar até Ele? Como podemos perceber as propostas de Deus e descobrir os seus caminhos? O Evangelho deste domingo responde: é olhando para Jesus. Nas palavras e nos gestos de Jesus, Deus revela-Se aos homens e manifesta-lhes o seu amor, oferece aos homens a vida plena, faz-Se companheiro de caminhada dos homens e aponta-lhes caminhos de salvação. Neste tempo de Quaresma – tempo de caminhada para a vida nova do Homem Novo – somos convidados a olhar para Jesus e a descobrir nas suas indicações, no seu anúncio, no seu “Evangelho” essa proposta de vida nova que Deus nos quer apresentar.
Os cristãos são aqueles que aderiram a Cristo, que aceitaram integrar a sua comunidade, que comeram a sua carne e beberam o seu sangue, que se identificaram com Ele. Membros do Corpo de Cristo, os cristãos são pedras vivas desse novo Templo onde Deus Se manifesta ao mundo e vem ao encontro dos homens para lhes oferecer a vida e a salvação. Esta realidade supõe naturalmente, para os crentes, uma grande responsabilidade… Os homens do nosso tempo têm de ver no rosto dos cristãos o rosto bondoso e terno de Deus; têm de experimentar, nos gestos de partilha, de solidariedade, de serviço, de perdão dos cristãos, a vida nova de Deus; têm de encontrar, na preocupação dos cristãos com a justiça e com a paz, o anúncio desse mundo novo que Deus quer oferecer a todos os homens
Qual é o verdadeiro culto que Deus espera? Evidentemente, não são os ritos solenes e pomposos, mas vazios, estéreis e balofos. O culto que Deus aprecia é uma vida vivida na escuta das suas propostas e traduzida em gestos concretos de doação, de entrega, de serviço simples e humilde aos irmãos. Quando somos capazes de sair do nosso comodismo e da nossa autossuficiência para ir ao encontro do pobre, do marginalizado, do estrangeiro, do doente, estamos a dar a resposta “litúrgica” adequada ao amor e à generosidade de Deus para connosco.

Palavra de Deus para a semana de 9 a 14 de março


9
Seg
2 Reis 5, 1-15a - Salmo 41 (42) - Lc 4, 24-30
Eu confio no Senhor, confio na sua palavra,
porque no Senhor está a misericórdia e a redenção
10
Ter
Dan 3, 25. 34-43 - Salmo 24 (25) - Mt 18, 21-35
Convertei-vos a Mim de todo o coração, diz o Senhor;
porque sou benigno e misericordioso
11
Qua
Deut 4, 1. 5-9 - Salmo 147 - Mt 5, 17-19
As vossas palavras, Senhor, são espírito e vida:
Vós tendes palavras de vida eterna
12
Qui
Jer 7, 23-28 - Salmo 94 (95) - Lc 11, 14-23
Convertei-vos a Mim de todo o coração, diz o Senhor;
porque sou benigno e misericordioso
13
Sex
Os 14, 2-10 - Salmo 80 (81) - Mc 12, 28b-34
«O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor: amarás o Senhor, teu Deus»
14
Sáb
Os 6, 1-6 - Salmo 50 (51) - Lc 18, 9-14
Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações


PREPARANDO A LITURGIA PARA O DOMINGO IV DA QUARESMA


2 Cr 36, 14-16.19-23         A indignação e a misericórdia do Senhor
manifesta-se no exílio e na libertação do povo

Salmo   136 (137)               Se eu me não lembrar de ti, Jerusalém,
fique presa a minha língua

Ef 2, 4-10                              Mortos por causa dos nossos pecados,
salvos pela graça

Jo 3, 14-21                           «Deus enviou o seu Filho, para que o mundo seja salvo por Ele»

Intenções para a Eucaristia de 8 de março (10:00h)

Antero Pinto e filho; Aniversário falecimento de Maria Rosa Vieira e Joaquim Pinto Vieira; Emídio Luís, Aniversário falecimento  de Maria da Conceição Alves e filho; António Pinto Melo; Alexandre da Silva Azeredo; António da Silva Luís, do Lameu; Rosa de Jesus Carneiro e Martinho Pinto, de Carvalho de Vila; Familiares de Madalena Teixeira de Almeida e de António Casimiro Almeida; Albino Teixeira Pinto e esposa, de Requim; 30.º dia por Manuel Madureira Vieira; Ricardo Luís e Palmira Pereira de Jesus, do Lameu

Intenções para a Eucaristia de 15 de março (10:00h)

Luísa Pereira e marido, do Alto; Menino Carlos André; Maria da Conceição Soares; José de Azeredo e Silva; Associados da Mensagem de Fátima; Aniversário natalício de António Pinto Monteiro; Alexandre Medon e filho

Agenda

1 mar
    • Domingo IV Quaresma – Eucaristia, Igreja, 10:00h
    • Adoração Santíssimo Sacramento, Igreja, 15:00h                         

Na vida de todos os dias somos, com frequência, seduzidos por outros “deuses” – o dinheiro, o poder, os afetos humanos, a realização profissional, o reconhecimento social, os interesses egoístas, as ideologias, os valores da moda – que se tornam o objetivo supremo, no valor último que condiciona os nossos comportamentos, as nossas atitudes e as nossas opções. Com frequência, prescindimos de Deus e instalamo-nos num esquema de orgulho e de autossuficiência que coloca Deus e as suas propostas fora da nossa vida. A Palavra de Deus garante-nos: esse não é um caminho que nos conduza em direção à vida definitiva e à liberdade plena. Tudo aquilo que atenta contra a vida, a dignidade, os direitos dos nossos irmãos, é algo que gera morte, sofrimento, escravidão, para nós e para todos os que nos rodeiam e é algo que contribui para subverter os projetos de vida e de felicidade que Deus tem para nós e para o mundo. O que é que, nos meus gestos, nas minhas atitudes, nos meus valores, é gerador de injustiça, de sofrimento, de exploração, de escravidão, de morte, para mim e para todos aqueles que me rodeiam?
A essência da mensagem cristã está na “loucura da cruz” – isto é, na lógica ilógica de um Deus que veio ao encontro da humanidade, que fez da sua vida um dom de amor e que aceitou uma morte maldita para ensinar aos homens que a verdadeira vida é aquela que se coloca integralmente ao serviço dos irmãos, até à morte. No entanto, foi precisamente dessa forma que Deus apresentou aos homens o seu projeto de salvação e de vida definitiva. Na cruz de Jesus manifestou-se, plenamente, o poder salvador de Deus.
Neste tempo de Quaresma, somos convidados a voltarmo-nos para Deus e a redescobrirmos o seu papel fundamental na nossa existência… Quais são os “deuses” que nos seduzem mais e que condicionam a nossa vida, as nossas tomadas de posição, as nossas opções? Que espaço é que reservamos, na nossa vida, para o verdadeiro Deus? O que é que, nos meus gestos, nas minhas atitudes, é gerador de injustiça, de sofrimento, de exploração, de escravidão, de morte, para mim e para todos aqueles que me rodeiam?