“Cumpriu-se o tempo
e está próximo o reino de Deus.
Arrependei-vos
e acreditai
no Evangelho”.
No primeiro Domingo do
Tempo da Quaresma, a liturgia garante-nos que Deus está interessado em destruir
o velho mundo do egoísmo e do pecado e em oferecer aos homens um mundo novo de
vida plena e de felicidade sem fim.
A primeira leitura é um
extracto da história do dilúvio. Diz-nos que Deus, depois de eliminar o pecado
que escraviza o homem e que corrompe o mundo, depõe o seu “arco de guerra”, vem
ao encontro do homem, faz com ele uma Aliança incondicional de paz. A Aliança
que Deus faz com Noé aparece, assim, como um puro dom de Deus, um fruto do seu
amor e da sua misericórdia. É uma Aliança incondicional e sem contrapartidas,
que resulta exclusivamente da bondade e da generosidade de Deus. A acção de
Deus destina-se a fazer nascer uma nova humanidade, que percorra os caminhos do
amor, da justiça, da vida verdadeira.
A morte e a ressurreição de
Cristo tiveram uma dimensão salvadora que atingiu toda a humanidade, mesmo essa
humanidade pecadora que conheceu o dilúvio, no tempo de Noé. No dilúvio, o
pecado foi afogado e da água ressurgiu uma nova humanidade. A água do dilúvio
pode, assim, ser para os crentes uma figura do Baptismo. O autor da primeira
Carta de Pedro recorda que, pelo Baptismo, os cristãos aderiram a Cristo e à
salvação que Ele veio oferecer. Comprometeram-se, portanto, a seguir Jesus no
caminho do amor, do serviço, do dom da vida; e, envolvidos nesse dinamismo de
vida e de salvação que brota de Jesus, tornaram-se o princípio de uma nova
humanidade.
No Evangelho, Jesus
mostra-nos como a renúncia a caminhos de egoísmo e de pecado e a aceitação dos
projectos de Deus está na origem do nascimento desse mundo novo que Deus quer
oferecer a todos os homens (o “Reino de Deus”). Aos seus discípulos Jesus pede
– para que possam fazer parte da comunidade do “Reino” – a conversão e a adesão
à Boa Nova que Ele próprio veio propor.
“Converter-se” significa
transformar a mentalidade e os comportamentos, reformular os valores que
orientam a própria vida, de modo a que Deus passe a estar no centro da
existência do homem e ocupe sempre o primeiro lugar.
“Acreditar” é aderir à
pessoa de Jesus, escutar a sua proposta, acolhê-la no coração, fazer dela o
guia da própria vida. “Acreditar” é escutar essa “Boa Notícia” de salvação e de
libertação (“evangelho”) que Jesus propõe e fazer dela o centro à volta do qual
se constrói toda a existência.
Liturgia da Palavra do Domingo I da Quaresma
I Leitura Gen 9, 8-15
A
aliança de Deus com Noé, salvo das águas do dilúvio
A
primeira leitura refere-se à história da salvação, mostrando como Deus
encaminhou os passos da humanidade, desde os tempos mais antigos até à
realização da promessa da nova Aliança em Jesus Cristo. Este ano, começamos com
Noé. O dilúvio termina com uma aliança, que anuncia desde logo a aliança
estabelecida entre Deus e os homens na Morte e Ressurreição de Cristo. Por
outro lado, no próprio dilúvio Deus quis significar a regeneração espiritual do
baptismo, pois nele, como no dilúvio, a água se tornou, simbolicamente, “fim de
vícios e origem de virtudes” (liturgia baptismal).
Salmo 24 (25)
Todos os vossos caminhos, Senhor,
são amor e verdade
II Leitura: 1 Pedro 3, 18-22
«O Batismo que agora vos salva»
S. Pedro faz nesta leitura o comentário ao dilúvio,
estabelecendo a comparação entre este e o baptismo. O batismo é hoje o verdadeiro
dilúvio, que destrói o pecado e faz nascer uma nova humanidade em Cristo.
Assim, a história da salvação chega a todas as gerações e todas elas são
arrastadas na sua corrente de graça.
Aclamação ao Evangelho Mt 4, 4b
Nem só de pão vive o homem,
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
Evangelho Mc 1, 12-15
«Era
tentado por Satanás e os Anjos serviam-n’O»
“O
Senhor Jesus Cristo era tentado pelo demónio no deserto. Mas em Cristo também
tu eras tentado, porque Ele tomou sobre Si a tua condição humana, para te dar a
salvação; para Si tomou as tuas tentações, para te dar a sua vitória” (S.
Agostinho). A vitória de Jesus sobre Satanás proclamada neste primeiro Domingo
da Quaresma anuncia desde já o triunfo pascal da sua Morte e Ressurreição, e
oferece-nos, ao mesmo tempo, a participação nessa sua vitória sobre o pecado e
a morte.
São Marcos inicia o
seu Evangelho proclamando a incarnação do Filho de Deus. Jesus é plenamente
homem, pois é tentado, e plenamente Deus, ao manifestar a vitória do Amor sobre
o Mal, a vitória de Deus sobre o Maligno. Ele faz uma declaração: os tempos
cumpriram-se. Dirige-Se a um povo à espera de um Messias que estabelecerá um
Reino novo. Ora, este Reino está bem próximo, afirma Jesus, que vem
precisamente trazer a esperança a todo o povo. Mas Deus não impõe a sua vinda,
Ele faz-Se desejar. Então, duas atitudes do coração são necessárias: a
conversão, mudando de vida e voltando a Deus; e a fé, aderindo plenamente com
todo o ser à mensagem que Jesus vem anunciar.
A verdadeira conversão…
Quaresma, tempo de
penitência, de sacrifícios de toda a espécie, de resistência às tentações, à
imitação de Jesus no deserto… Tempo não muito entusiasmante! Porém, na breve
passagem do Evangelho, S. Marcos fala duas vezes da Boa Nova. Uma Boa Nova
dilata o coração, traz alegria. Então, porque não falar de alegria durante a
Quaresma? Será que isso desvirtua o seu sentido? Trata-se de conversão. Mas
isso não quer dizer, em primeiro lugar, como pensamos muitas vezes, parar de
cometer pecados, voltar a uma vida moralmente pura e recta. A verdadeira
conversão é, antes de mais, “acreditar na Boa Nova”. E esta Boa Nova é a
manifestação do verdadeiro rosto de Deus em Jesus: um Pai no qual só há amor,
porque Ele é Amor em estado puro, a fonte absoluta do Amor. Às vezes, a
primeira tentação, a mais terrível, consiste em transpor para Deus as nossas
maneiras de amar, de compreender a justiça, o poder. Ora, não é Deus que é à
nossa imagem, nós é que somos à sua imagem.
A verdadeira conversão consiste em mudar todas
as nossas concepções de Deus para acolher um Pai que nunca pára de nos amar,
que nunca nos rejeita. E quando recusamos o seu amor, Ele só tem um desejo:
manifestar-nos ainda mais o seu amor, até nos dar o seu Filho, para que, enfim,
nós nos deixemos amar.
A Quaresma não é
demasiado tempo para descobrir este Deus!
Palavra de Deus para a semana de 23 a 28 de fevereiro
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Lev 19,
1-2. 11-18 - Salmo 18 B (19) - Mt 25, 31-46
Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação.
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Is 55,
10-11 - Salmo 33 (34) - Mt 6, 7-15
Nem só de pão vive o homem,
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
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Jonas 3,
1-10 - Salmo 50 (51) - Lc 11, 29-32
Convertei-vos a Mim de todo o coração, diz o Senhor;
porque sou benigno e misericordioso.
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Est 4, 17.
n. p-r. aa-bb. gg-hh - Salno 137 (138) - Mt 7, 7-12
Criai em mim, Senhor, um coração puro,
dai-me de novo a alegria da salvação.
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Ez 18,
21-28 - Salmo 129 (130) - Mt 5, 20-26
Deixai todos os vossos pecados, diz o Senhor;
criai um coração novo e um espírito novo.
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Deut 26,
16-19 - Salmo 118 (119) - Mt 5, 43-48
Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação.
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PREPARANDO A LITURGIA PARA O DOMINGO II DA QUARESMA
Gen
22, 1-2.9a.10-13.15-18 O sacrifício
do nosso Patriarca Abraão
Salmo 115 (116) Caminharei na
terra dos vivos na presença do Senhor.
Rom
8, 31b-34 «Deus não
poupou o seu próprio Filho»
Mc
9, 2-10 «Este é o meu
Filho muito amado»
Intenções para a Eucaristia de 22 de fevereiro (10:00h)
Manuel da Silva
Pinto e seus familiares; Manuel Pinto da Costa; António Pereira de Freitas e
esposa; Maria Emília Ferreira, da Sra. da Piedade; 2.º Aniversário falecimento
de Manuel Vieira Ribeiro; Manuel Alfredo da Fonseca Soares; Joaquim Moreira e
esposa, do Alto; Maria Luísa de Sousa e marido, de Vila Nova; Joaquim Vieira e
esposa, das Regadas; Gualter Ferraz Pinto, de Vila Nova; Maria Emília Leal
Teixeira; Maria da Conceição Aguiar Pinto e marido; José Pinto da Silva;
Alexandre Joaquim Soares; Fernando Pinto Melo; José Gomes de Araújo; Maria da
Conceição Moreira, de Vila; Emídio Ribeiro
Intenções para a Eucaristia de 1 de março (10:00h)
João de Jesus Pinto, de Requim, mãe e sogros; Natália Fernanda da Silva Alves e seus avós; Margarida Teixeira de Jesus, marido e filho; Maria Rosa Leal Pinheiro; Maria da Graça da Glória, marido e filho; Aniversário natalício de Manuel Vieira Ribeiro; Aniversário falecimento de Maria Pereira
Agenda
22 fev
- Adoração ao Santíssimo Sacramento, igreja, 15:00h
1 mar
Domingo II Quaresma - Eucaristia, Igreja, 10:00h
Evidentemente, não foi Deus que enviou o dilúvio para
castigar os homens. Esta catequese recorda-nos, no início da nossa caminhada
quaresmal, que o pecado é algo incompatível com Deus e com os projectos de Deus
para o homem e para o mundo; por isso, quando o ódio, a violência, o egoísmo, o
orgulho, a prepotência enchem o mundo e trazem infelicidade aos homens, Deus
tem de intervir para corrigir o rumo da humanidade. O pecado destrói a vida e
assassina a felicidade do homem; por isso, tem de ser eliminado da nossa
existência.
A Aliança que Deus faz com Noé e com toda a humanidade é uma
Aliança totalmente gratuita e incondicional, que não depende do arrependimento
do homem ou das contrapartidas que o homem possa oferecer a Deus… Nos termos
desta Aliança revela-se um Deus que Se recusa a fazer guerra ao homem, que
abençoa e abraça o homem, que ama o homem mesmo quando ele continua a trilhar
caminhos de pecado e de infidelidade.
Mais uma vez, põe-se-nos o problema do sentido de uma vida
feita dom e entrega aos outros, até à morte. É possível “dar o braço a torcer”
e triunfar? O amor e o dom da vida não serão esquemas de fragilidade, que não
conduzem senão ao fracasso? Esta história de o amor ser o caminho para a felicidade
e para a vida plena não será uma desculpa dos fracos? Não – responde a Palavra
de Deus que nos é proposta. Reparemos no exemplo de Cristo: Ele deu a vida
pelos pecadores e pelos injustos e encontrou, no final do caminho, a
ressurreição, a vida plena.
Nesta Quaresma, somos convidados a fazer esta experiência de
um Deus que nos ama apesar das nossas infidelidades; e somos convidados,
também, a deixar que o amor de Deus nos transforme e nos faça renascer para a
vida nova.