2 de novembro de 2014

Domingo XXXI do Tempo Comum: Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos


Quem come a minha carne
e bebe o meu sangue

tem a vida eterna



A liturgia da Comemoração dos Fiéis Defuntos convida-nos a descobrir que o projeto de Deus para o homem é um projeto de vida. No horizonte final do homem não está a morte, o fracasso, o nada, mas está a comunhão com Deus, a realização plena do homem, a felicidade definitiva, a vida eterna.
Na primeira leitura, Isaías anuncia e descreve o “banquete” que Deus, um dia, vai oferecer a todos os Povos. Com imagens muito sugestivas, o profeta sugere que o fim último da caminhada do homem é o “sentar-se à mesa” de Deus, o partilhar a vida de Deus, o fazer parte da família de Deus. Dessa comunhão com Deus resultará, para o homem, a felicidade total, a vida definitiva.
Na segunda leitura, Paulo garante aos cristãos de Tessalónica que Cristo virá de novo, um dia, para concluir a história humana e para inaugurar a realidade do mundo definitivo; todo aquele que tiver aderido a Jesus e se tiver identificado com Ele irá ao encontro do Senhor e permanecerá com Ele para sempre.
No Evangelho, Jesus deixa claro que o objetivo final da sua missão é dar aos homens o “pão” que conduz à vida eterna. Para aceder a essa vida, os discípulos são convidados a “comer a carne” e a “beber o sangue” de Jesus – isto é, a aderir à sua pessoa, a assimilar o seu projeto, a interiorizar a sua proposta. A Eucaristia cristã (o “comer a carne” e beber o sangue” de Jesus) é, ao longo da nossa caminhada pela terra, um momento privilegiado de encontro e de compromisso com essa vida nova e definitiva que Jesus veio oferecer.
Participar no encontro eucarístico, comer a carne e beber o sangue de Jesus é encontrar-se, hoje, com esse Cristo que veio ao encontro dos homens e que tornou presente na sua “carne” (na sua pessoa física) uma vida feita amor, partilha, entrega, até ao dom total de Si mesmo na cruz (“sangue”). Comer a carne e beber o sangue de Jesus implica um compromisso com esse mesmo projeto que Jesus procurou concretizar em toda a sua vida, em todos os seus gestos, em todas as suas palavras. O crente que celebra a Eucaristia tem lutar, como Jesus, contra a injustiça, o egoísmo, a opressão, o pecado; tem de esforçar-se, como Jesus, por eliminar tudo o que desfeia o mundo e causa sofrimento e morte; tem de construir, como Jesus, um mundo de liberdade, de amor e de paz; tem de testemunhar, como Jesus, que a vida verdadeira é aquela que se faz amor, serviço, partilha, doação até às últimas consequências. O crente que come a carne e que bebe o sangue de Jesus torna-se uma fonte de onde brota, para o mundo e para os homens, a vida eterna.

Liturgia da Palavra do Domingo XXXI do Tempo Comum

Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos

I Leitura                 Is 25, 6a.7-9
«O Senhor destruirá a morte para sempre»

O profeta anuncia que Deus, num futuro sem data marcada, vai oferecer “um banquete”; e, para esse “banquete”, Deus vai convidar “todos os povos”. Trata-se, portanto, de uma iniciativa de Deus no sentido de estabelecer laços “de família” com a humanidade inteira.
Aceitar o convite de Deus para o “banquete” significará, portanto, participar no culto a Deus, ser acolhido na casa de Deus, entrar no “espaço íntimo” e familiar de Deus e sentar-se com ele à mesa.
                                                                       
Salmo     22 (23)
O Senhor é meu pastor: nada me faltará.

II Leitura:             1 Tes 4, 13-18
«Estaremos sempre com o Senhor»

Cristo virá para concluir a história humana e todo aquele que tiver aderido a Cristo e se tiver identificado com Ele, esteja morto ou esteja vivo, encontrará a salvação. Se Cristo recebeu do Pai a vida que não acaba, quem se identifica com Cristo está destinado a uma vida semelhante; a morte não tem poder sobre ele… Isto deve encher de esperança o cristão, mantendo-o alegre, sereno e cheio de ânimo.
                               
Aclamação ao Evangelho                   Jo 6, 51
Eu sou o pão vivo que desceu do Céu;
quem comer deste pão viverá eternamente.
               
Evangelho:            Jo 6, 51-58
«Quem comer deste pão viverá eternamente e Eu o ressuscitarei no último dia»
               
                Dizer que Jesus é carne significa que Ele Se tornou pessoa como nós, assumiu a nossa condição de debilidade, aceitando passar, até, pela experiência da morte. Dizer que o pão que Ele há-de dar é a sua “carne para a vida do mundo” significa que Jesus fez da sua vida um dom, uma “entrega” por amor aos homens; e que o momento mais alto dessa vida feita “dom” e “entrega” é a morte na cruz. Na cruz, manifestou-se, através da “carne” de Jesus – isto é, através da sua realidade física – o seu amor, o seu dom, a sua entrega… Ora, é essa realidade que se manifestou na cruz – realidade de amor, de doação, de entrega – que os discípulos são convidados a comer e a beber. Comer e beber significam, neste contexto, “aderir”, “acolher”, interiorizar”, “assimilar”.

A liturgia da comemoração dos Fiéis Defuntos assegura-nos que Deus tem um projeto de vida definitiva para oferecer aos homens: o caminho que percorremos nesta terra não termina no fracasso e na morte, mas no encontro com a vida verdadeira e eterna. Ora, o Evangelho que hoje nos é proposto confirma e garante esse ensinamento fundamental: cumprindo o seu projeto de salvação, Deus enviou Jesus ao mundo (Jesus apresenta-Se como “o pão que desceu do céu”) para que os homens pudessem chegar à vida eterna.
A liturgia deste dia convida-nos, antes de mais, a contemplar o amor de Deus por nós, a constatar a sua incrível preocupação com a nossa felicidade e com a nossa realização plena, a descobrir que não estamos perdidos e abandonados face à nossa fragilidade, debilidade e finitude. Esta constatação deve levar-nos a encarar, com serenidade e confiança, a nossa caminhada pela terra, com a certeza de que nos espera, para lá do horizonte deste mundo imperfeito, a vida verdadeira e definitiva.
Como é que chegamos a adquirir essa vida verdadeira e definitiva?
O Evangelho deste domingo afirma, categoricamente, que quem aceita comer a carne e beber o sangue de Jesus viverá eternamente. Ora, comer a carne e beber o sangue de Jesus é, antes de mais, acolher, assimilar e interiorizar essa proposta de vida que Jesus nos fez (com a sua Palavra, com o seu exemplo, com os seus gestos, com o seu amor); é, como Jesus, colocar a própria vida ao serviço dos projetos de Deus e fazer da própria existência um dom de amor aos irmãos. Este programa de vida não é, como é notório para qualquer um de nós, demasiado apreciado numa cultura como a nossa, fortemente marcada pelo egoísmo, pelo individualismo e pela auto-suficiência.
Que não restem, contudo, dúvidas: só encontraremos essa vida plena e eterna a que aspiramos, seguindo Jesus, assimilando os seus valores, fazendo da nossa vida um serviço a Deus e aos irmãos com quem nos cruzamos nos caminhos do mundo. Se aceitarmos conduzir a vida de acordo com esses parâmetros, o horizonte final da nossa caminhada por esta terra não é a morte, mas a vida.

Palavra de Deus para a semana de 3 a 8 de novembro

3
Seg
S. Martinho de Porres, religioso – MF
Filip 2, 1-4 - Salmo 130 (131) - Lc 14, 12-14
Se permanecerdes na minha palavra,
sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade, diz o Senhor
4
Ter
S. Carlos Borromeu, bispo – MO
Filip 2, 5-11 - Salmo 21 (22) - Lc 14, 15-24
Vinde a Mim, todos vós
que andais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei, diz o Senhor
5
Qua
Filip 2, 12-18 - Salmo 26 (27) - Lc 14, 25-33
Felizes de vós, se sois ultrajados pelo nome de Cristo,
porque o Espírito de Deus repousa sobre vós
6
Qui
S. Nuno de Santa Maria, religioso – MO
Filip 3, 3-8a - Salmo 104 (105) - Lc 15, 1-10
Vinde a Mim, vós todos
que andais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei, diz o Senhor
7
Sex
Filip 3, 17 – 4, 1 - Salmo 121 (122) - Lc 16, 1-8
Quem observa a palavra de Cristo, nesse o amor de Deus é perfeito
8
Sáb
Filip 4, 10-19 - Salmo 111 (112) - Lc 16, 9-15
Jesus Cristo, sendo rico, fez-Se pobre, para nos enriquecer na sua pobreza.



PREPARANDO A LITURGIA PARA O DOMINGO XXXII DO TEMPO COMUM


Ez 47, 1-2.8-9.12
«Vi a água sair do templo e todos aqueles a quem chegou esta água foram salvos»

Salmo  45 (46)
Os braços dum rio alegram a cidade de Deus, a morada santa do Altíssimo.

1 Cor 3, 9c-11.16-17          «Vós sois templo de Deus»

Jo 2, 13-22                           «Falava do templo do seu Corpo»

Intenções para a Eucaristia de 1 de novembro (19:30h)

José Vieira Bouça, pais e irmãos; Maria Rosa Bessa de Almeida, pais e irmãos; Maria da Conceição Leal Pinto; Maria da Conceição Alves; José Ferreira Aguiar e Joaquim Ferreira; João de Jesus Pinto, de Requim, mãe e sogros; Natália Fernanda da Silva Alves e seus avós; Margarida Teixeira de Jesus, marido e filho; Maria Rosa Leal Pinheiro; Antero Pinto





Intenções para a Eucaristia de 9 de novembro (10:00h)

Emídio Luís, Maria da Conceição Alves e filho; António Pinto Melo; Alexandre da Silva Azeredo; Albino Teixeira Pinto e esposa, de Requim; Maria da Graça da Glória, marido e filho; António da Silva Luís, do Lameu; Familiares de Madalena Teixeira de Almeida e de António Casimiro Almeida; Rosa de Jesus Carneiro e Martinho Pinto, de Carvalho de Vila

Agenda

9 nov 
    • Eucaristia, igreja, 10:00h

A certeza da ressurreição garante-nos que Deus tem um projeto de salvação e de vida para cada homem; e que esse projeto está a realizar-se continuamente em nós, até à sua concretização plena, quando nos encontrarmos definitivamente com Deus.
A nossa vida presente não é, pois, um drama absurdo, sem sentido e sem finalidade; é uma caminhada tranquila, confiante – ainda quando feita no sofrimento e na dor – em direção a esse desabrochar pleno, a essa vida total em que se revelará o Homem Novo.
Isso não quer dizer que devamos ignorar as coisas boas deste mundo, vivendo apenas à espera da recompensa futura, no céu; quer dizer que a nossa existência deve ser – já neste mundo – uma busca da vida e da felicidade; isso implicará uma não conformação com tudo aquilo que nos rouba a vida e que nos impede de alcançar a felicidade plena, a perfeição última (a nós e a todos os homens nossos irmãos).
Não é possível viver com medo, depois desta descoberta: podemos comprometer-nos na luta pela justiça e pela paz, com a certeza de que a injustiça e a opressão não podem pôr fim à vida que nos anima; e é na medida em que nos comprometemos com esse mundo novo e o construímos com gestos concretos, que estamos a anunciar a ressurreição plena do mundo, dos homens e das coisas.

O Dia de Fiéis Defuntos não é dia de luto e tristeza. É dia de mais íntima comunhão com aqueles que «não perdemos, porque simplesmente os mandámos à frente» (S. Cipriano). É dia de esperança, porque sabemos que os nossos irmãos ressurgirão em Cristo para uma vida nova. É, sobretudo, dia de oração, que se revestirá da maior eficácia, se a unirmos ao Sacrifício de reconciliação, a Missa.