2 de abril de 2015

Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor



A liturgia deste domingo celebra a ressurreição e garante-nos que a vida em plenitude resulta de uma existência feita dom e serviço em favor dos irmãos. A ressurreição de Cristo é o exemplo concreto que confirma tudo isto.
A primeira leitura apresenta o exemplo de Cristo que “passou pelo mundo fazendo o bem” e que, por amor, se deu até à morte; por isso, Deus ressuscitou-O. Os discípulos, testemunhas desta dinâmica, são aqueles que aderiram a Jesus e que acolheram a sua proposta libertadora. Se a vida dos discípulos se identifica com a de Jesus, eles estão a “ressuscitar” (isto é, a renascer para a vida nova e plena). Além disso, eles são as testemunhas de tudo isto: é absolutamente necessário que esta proposta de ressurreição, de vida plena, de vida transfigurada, chegue a todos os homens. Trata-se de uma proposta de salvação universal que, através dos discípulos, deve atingir todos os povos da terra, sem distinção.
O Evangelho coloca-nos diante de duas atitudes face à ressurreição: a do discípulo obstinado, que se recusa a aceitá-la porque, na sua lógica, o amor total e a doação da vida não podem, nunca, ser geradores de vida nova; e a do discípulo ideal, que ama Jesus e que, por isso, entende o seu caminho e a sua proposta (a esse não o escandaliza nem o espanta que da cruz tenha nascido a vida plena, a vida verdadeira).
A segunda leitura convida os cristãos, revestidos de Cristo pelo batismo, a continuarem a sua caminhada de vida nova, até à transformação plena (que acontecerá quando, pela morte, tivermos ultrapassado a última barreira da nossa finitude). Enquanto caminhamos temos que viver com os pés na terra, mas com a mente e o coração no céu: é lá que estão os bens eternos e a nossa meta definitiva (“afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra”). A nossa vida tem de tender para Cristo. Em concreto, isso significa despojarmo-nos do “homem velho” por um processo de conversão que nunca está acabado e o revestirmo-nos – cada dia mais profundamente – da imagem de Cristo, de forma a que nos identifiquemos com Ele pelo amor e pela entrega da vida.

Liturgia da Palavra do Domingo de DE PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR


I Leitura                 Act. 10, 34a, 37-43
Diante de pagãos, em casa do centurião Cornélio, Pedro anuncia o que já lhes havia chegado aos ouvidos: Cristo ressuscitou! E, completando aquela «boa notícia», garantindo, com o seu testemunho pessoal, a verdade dos acontecimentos daqueles dias, o Apóstolo explica-lhes o que eles querem dizer:
– Jesus de Nazaré, homem que viveu como eles e com Quem Pedro convivera, não é um simples homem. Ungido do Espírito de Deus, tem a plenitude de Deus em Si. Ele é o Messias, o Filho de Deus, como o demonstrou pelos milagres por ele mesmo presenciados e, sobretudo pelo milagre definitivo – a Ressurreição.

 Salmo  117(118)
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria.

II Leitura:             Col. 3, 1-4
Pelo seu Batismo, o cristão morreu para o pecado e ressuscitou com Cristo para uma vida nova. Desde esse momento, recebeu a missão de, à semelhança de Cristo, conduzir os homens e todas as coisas para o Pai.
Inserido nas realidades divinas, não pode alhear-se do mundo, nem ficar indiferente aos esforços dos homens relativamente à construção dum mundo de felicidade, justiça e paz.
Inserido nas realidades da terra, não pode encerrar-se no mundo, trabalhando só para fins terrenos, esquecido do destino final do homem e do mundo.
               
Aclamação ao Evangelho                   I Cor 5, 7b-8a
Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi imolado: celebremos a festa do Senhor

Evangelho             Jo 20, 1-9
Pedro e João, juntamente com Madalena, são as primeiras testemunhas do túmulo vazio, naquela manhã de Páscoa. Não foi, porém, muito facilmente que eles chegaram à conclusão de que Jesus estava vivo. A sua fé será progressiva, caminhará entre incredulidade e dúvidas. Só perante as ligaduras e o lençol, cuidadosamente dobrados, o que excluía a hipótese de roubo, se lhes começam a abrir os olhos para a realidade.
No seu amor intuitivo, João é o primeiro a compreender os sinais da Ressurreição. Mas bem depressa Pedro descobre a verdade, anunciada tão claramente pela Escritura e pelo mesmo Jesus. Depois, em contacto pessoal com o Ressuscitado, a sua fé tornar-se-á firme como «rocha» inabalável.
               

          A lógica humana ensina-nos que o amor partilhado até à morte, o serviço simples e sem pretensões, a doação e a entrega da vida, só conduzem ao fracasso e não são um caminho sólido e consistente para chegar ao êxito, ao triunfo, à glória; da cruz, do amor radical, da doação de si, não pode resultar realização, felicidade, vida plena, êxito profissional ou social.
A ressurreição de Jesus prova, precisamente, que a vida plena, a vida total, a transfiguração total da nossa realidade finita e das nossas capacidades limitadas, passa pelo amor que se dá, com radicalidade, até às últimas consequências. Garante-nos que a vida gasta a amar não é perdida nem fracassada, mas é o caminho para a vida plena e verdadeira, para a felicidade sem fim.
O “discípulo predileto” de que fala o texto é o discípulo que vive em comunhão com Jesus, que se identifica com Jesus e com os seus valores, que interiorizou e absorveu a lógica da entrega incondicional, do dom da vida, do amor total. Modelo do verdadeiro discípulo, ele convida-nos à identificação com Jesus, à escuta atenta e comprometida dos valores de Jesus, ao seguimento de Jesus. Propõe-nos uma renúncia firme a esquemas de egoísmo, de injustiça, de orgulho, de prepotência e a realizar gestos que sejam sinais do amor, da bondade, da misericórdia e da ternura de Deus.
“no primeiro dia da semana”: significa que aqui começou um novo ciclo – o da nova criação, o da libertação definitiva. Este é o “primeiro dia” de um novo tempo e de uma nova realidade – o tempo do Homem Novo, que nasceu a partir da ação criadora e vivificadora de Jesus.
Pela fé, pela esperança, pelo seguimento de Cristo e pelos sacramentos, a semente da ressurreição (o próprio Jesus) é depositada na realidade do homem/corpo. Revestidos de Cristo, somos nova criatura: estamos, portanto, a ressuscitar, até atingirmos a plenitude, a maturação plena, a vida total (quando ultrapassarmos a barreira da morte física). Aqui começa, pois, a nova humanidade.

               
                                               

Palavra de Deus para a semana de 6 a 11 de abril


6
Seg
Act 2, 14. 22-33 - Salmo 15 (16) - Mt 28, 8-15
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria
7
Ter
Act 2, 36-41 - Salmo 32 (33) - Jo 20, 11-18
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria.
8
Qua
Act 3, 1-10 - Salmo 104 (105) - Lc 24, 13-35
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria.
9
Qui
Act 3, 11-26 - Salmo 8 - Lc 24, 35-48
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria.
10
Sex
Act 4, 1-12 - Salmo 117 (118) -  Jo 21, 1-14
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria.
11
Sáb
Act 4, 13-21 - Salmo 117 (118) - Mc 16, 9-15
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria.

PREPARANDO A LITURGIA PARA O DOMINGO II DA PÁSCOA ou da Divina Misericórdia


Actos 4, 32-35                     «Um só coração e uma só alma»

Salmo   117(118)                 Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia 

1 Jo 5, 1-6                             «Todo o que nasceu de Deus vence o mundo»

Jo 20, 19-31                         «Oito dias depois, veio Jesus...»


Intenções para a Eucaristia de 5 de abril (8:30h)


João de Jesus Pinto, de Requim, mãe e sogros; Natália Fernanda da Silva Alves e seus avós; Margarida Teixeira de Jesus, marido e filho; Maria Rosa Leal Pinheiro; Maria da Graça da Glória, marido e filho; Emídio Luís, Maria da Conceição Alves e filho; António Pinto Melo; Alexandre da Silva Azeredo; José Vieira Bouça e Maria Rosa Bessa de Almeida; José Ferreira Aguiar e familiares de Margarida de Jesus.



Intenções para a Eucaristia de 11 de abril (19:00h)

Rosa de Jesus Carneiro e Martinho Pinto, de Carvalho de Vila; Manuel Madureira Vieira e pai; António da Silva Luís, do Lameu; Familiares de Madalena Teixeira de Almeida e de António Casimiro Almeida; Luísa Pereira e marido, do Alto; Albino Teixeira Pinto e esposa, de Requim; Luísa Pereira e marido, do Alto; Carlos André; Manuel de Oliveira Barreto; 7º Dia por Fernando Moreira Caetano.


Agenda


11 abr
    • Domingo II da Páscoa - Missa Vespertina, Igreja, 19:00h

12 abr

    • Domingo II da Páscoa – Celebração do Crisma- Igreja,11:00h


A ressurreição de Jesus é a consequência de uma vida gasta a “fazer o bem e a libertar os oprimidos”. Isso significa que, sempre que alguém – na linha de Jesus – se esforça por vencer o egoísmo, a mentira, a injustiça e por fazer triunfar o amor, está a ressuscitar; significa que, sempre que alguém – na linha de Jesus – se dá aos outros e manifesta, em gestos concretos, a sua entrega aos irmãos, está a construir vida nova e plena.
A ressurreição de Jesus significa, também, que o medo, a morte, o sofrimento, a injustiça, deixam de ter poder sobre o homem que ama, que se dá, que partilha a vida. Ele tem assegurada a vida plena – essa vida que os poderes do mundo não podem destruir, atingir ou restringir. Ele pode, assim, enfrentar o mundo com a serenidade que lhe vem da fé. Aos discípulos pede-se que sejam as testemunhas da ressurreição. Nós não vimos o sepulcro vazio; mas fazemos, todos os dias, a experiência do Senhor ressuscitado, que está vivo e que caminha ao nosso lado nos caminhos da história. A nossa missão é testemunhar essa realidade; no entanto, o nosso testemunho será oco e vazio se não for comprovado pelo amor e pela doação.
O Batismo introduz-nos numa dinâmica de comunhão com Cristo ressuscitado. A partir do Batismo, Cristo passa a ser o centro e a referência fundamental à volta da qual se constrói toda a vida do cristão. A identificação com Cristo implica o assumir uma dinâmica de vida nova, despojada do egoísmo, do orgulho, do pecado e feita doação a Deus e aos irmãos. O cristão torna-se então, verdadeiramente, alguém que “aspira às coisas do alto” – quer dizer, alguém que, embora vivendo nesta terra e desfrutando as realidades deste mundo, tem como referência última os valores de Deus. Não se pede ao crente que seja um alienado, alguém que viva a olhar para o céu e que se demita do compromisso com o mundo e com os irmãos; mas pede-se-lhe que não faça dos valores do mundo a sua prioridade, a sua referência última.
Paulo, a partir do exemplo de Cristo, garante-nos que esse caminho de despojamento do “homem velho” não é um caminho de derrota e de fracasso; mas é um caminho de glória, no qual se manifesta a realidade da vida eterna, da vida verdadeira.