A liturgia deste domingo celebra a ressurreição e
garante-nos que a vida em plenitude resulta de uma existência feita dom e
serviço em favor dos irmãos. A ressurreição de Cristo é o exemplo concreto que
confirma tudo isto.
A primeira leitura apresenta o exemplo de Cristo que
“passou pelo mundo fazendo o bem” e que, por amor, se deu até à morte; por
isso, Deus ressuscitou-O. Os discípulos, testemunhas desta dinâmica, são
aqueles que aderiram a Jesus e que acolheram a sua proposta libertadora. Se a
vida dos discípulos se identifica com a de Jesus, eles estão a “ressuscitar”
(isto é, a renascer para a vida nova e plena). Além disso, eles são as
testemunhas de tudo isto: é absolutamente necessário que esta proposta de
ressurreição, de vida plena, de vida transfigurada, chegue a todos os homens.
Trata-se de uma proposta de salvação universal que, através dos discípulos,
deve atingir todos os povos da terra, sem distinção.
O Evangelho coloca-nos diante de duas atitudes face à
ressurreição: a do discípulo obstinado, que se recusa a aceitá-la porque, na
sua lógica, o amor total e a doação da vida não podem, nunca, ser geradores de
vida nova; e a do discípulo ideal, que ama Jesus e que, por isso, entende o seu
caminho e a sua proposta (a esse não o escandaliza nem o espanta que da cruz
tenha nascido a vida plena, a vida verdadeira).
A segunda leitura convida os cristãos, revestidos de
Cristo pelo batismo, a continuarem a sua caminhada de vida nova, até à
transformação plena (que acontecerá quando, pela morte, tivermos ultrapassado a
última barreira da nossa finitude). Enquanto
caminhamos temos que viver com os pés na terra, mas com a mente e o coração no
céu: é lá que estão os bens eternos e a nossa meta definitiva (“afeiçoai-vos às
coisas do alto e não às da terra”). A nossa vida tem de tender para Cristo. Em
concreto, isso significa despojarmo-nos do “homem velho” por um processo de
conversão que nunca está acabado e o revestirmo-nos – cada dia mais
profundamente – da imagem de Cristo, de forma a que nos identifiquemos com Ele
pelo amor e pela entrega da vida.
Liturgia da Palavra do Domingo de DE PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR
I Leitura Act. 10, 34a, 37-43
Diante
de pagãos, em casa do centurião Cornélio, Pedro anuncia o que já lhes havia
chegado aos ouvidos: Cristo ressuscitou! E, completando aquela «boa notícia»,
garantindo, com o seu testemunho pessoal, a verdade dos acontecimentos daqueles
dias, o Apóstolo explica-lhes o que eles querem dizer:
–
Jesus de Nazaré, homem que viveu como eles e com Quem Pedro convivera, não é um
simples homem. Ungido do Espírito de Deus, tem a plenitude de Deus em Si. Ele é
o Messias, o Filho de Deus, como o demonstrou pelos milagres por ele mesmo
presenciados e, sobretudo pelo milagre definitivo – a Ressurreição.
Salmo 117(118)
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de
alegria.
II Leitura: Col. 3, 1-4
Pelo seu Batismo, o cristão morreu para o pecado e
ressuscitou com Cristo para uma vida nova. Desde esse momento, recebeu a missão
de, à semelhança de Cristo, conduzir os homens e todas as coisas para o Pai.
Inserido nas realidades divinas, não pode alhear-se do mundo,
nem ficar indiferente aos esforços dos homens relativamente à construção dum
mundo de felicidade, justiça e paz.
Inserido nas realidades da terra, não pode encerrar-se no
mundo, trabalhando só para fins terrenos, esquecido do destino final do homem e
do mundo.
Aclamação ao Evangelho I Cor 5,
7b-8a
Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi imolado: celebremos a
festa do Senhor
Evangelho Jo 20,
1-9
Pedro
e João, juntamente com Madalena, são as primeiras testemunhas do túmulo vazio,
naquela manhã de Páscoa. Não foi, porém, muito facilmente que eles chegaram à
conclusão de que Jesus estava vivo. A sua fé será progressiva, caminhará entre
incredulidade e dúvidas. Só perante as ligaduras e o lençol, cuidadosamente
dobrados, o que excluía a hipótese de roubo, se lhes começam a abrir os olhos
para a realidade.
No
seu amor intuitivo, João é o primeiro a compreender os sinais da Ressurreição.
Mas bem depressa Pedro descobre a verdade, anunciada tão claramente pela
Escritura e pelo mesmo Jesus. Depois, em contacto pessoal com o Ressuscitado, a
sua fé tornar-se-á firme como «rocha» inabalável.
A lógica humana ensina-nos que o amor partilhado até à morte, o serviço simples e sem pretensões, a doação e a entrega da vida, só conduzem ao fracasso e não são um caminho sólido e consistente para chegar ao êxito, ao triunfo, à glória; da cruz, do amor radical, da doação de si, não pode resultar realização, felicidade, vida plena, êxito profissional ou social.
A ressurreição de
Jesus prova, precisamente, que a vida plena, a vida total, a transfiguração
total da nossa realidade finita e das nossas capacidades limitadas, passa pelo
amor que se dá, com radicalidade, até às últimas consequências. Garante-nos que
a vida gasta a amar não é perdida nem fracassada, mas é o caminho para a vida
plena e verdadeira, para a felicidade sem fim.
O “discípulo predileto”
de que fala o texto é o discípulo que vive em comunhão com Jesus, que se
identifica com Jesus e com os seus valores, que interiorizou e absorveu a
lógica da entrega incondicional, do dom da vida, do amor total. Modelo do
verdadeiro discípulo, ele convida-nos à identificação com Jesus, à escuta
atenta e comprometida dos valores de Jesus, ao seguimento de Jesus. Propõe-nos
uma renúncia firme a esquemas de egoísmo, de injustiça, de orgulho, de
prepotência e a realizar gestos que sejam sinais do amor, da bondade, da
misericórdia e da ternura de Deus.
“no primeiro dia da semana”: significa que aqui começou um novo
ciclo – o da nova criação, o da libertação definitiva. Este é o “primeiro dia”
de um novo tempo e de uma nova realidade – o tempo do Homem Novo, que nasceu a
partir da ação criadora e vivificadora de Jesus.
Pela fé, pela
esperança, pelo seguimento de Cristo e pelos sacramentos, a semente da
ressurreição (o próprio Jesus) é depositada na realidade do homem/corpo.
Revestidos de Cristo, somos nova criatura: estamos, portanto, a ressuscitar,
até atingirmos a plenitude, a maturação plena, a vida total (quando
ultrapassarmos a barreira da morte física). Aqui começa, pois, a nova
humanidade.
Palavra de Deus para a semana de 6 a 11 de abril
6
Seg
Act 2, 14. 22-33 - Salmo 15 (16) - Mt 28, 8-15
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de
alegria
7
Ter
Act 2, 36-41 - Salmo 32 (33) - Jo 20, 11-18
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de
alegria.
8
Qua
Act 3, 1-10 - Salmo 104 (105) - Lc 24, 13-35
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de
alegria.
9
Qui
Act 3, 11-26 - Salmo 8 - Lc 24, 35-48
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de
alegria.
10
Sex
Act 4, 1-12 - Salmo 117 (118) - Jo 21, 1-14
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de
alegria.
11
Sáb
Act 4, 13-21 - Salmo 117 (118) - Mc 16, 9-15
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de
alegria.
6
Seg
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Act 2, 14. 22-33 - Salmo 15 (16) - Mt 28, 8-15
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de
alegria
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7
Ter |
Act 2, 36-41 - Salmo 32 (33) - Jo 20, 11-18
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de
alegria.
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8
Qua
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Act 3, 1-10 - Salmo 104 (105) - Lc 24, 13-35
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de
alegria.
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9
Qui
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Act 3, 11-26 - Salmo 8 - Lc 24, 35-48
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de
alegria.
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10
Sex
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Act 4, 1-12 - Salmo 117 (118) - Jo 21, 1-14
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de
alegria.
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11
Sáb
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Act 4, 13-21 - Salmo 117 (118) - Mc 16, 9-15
Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de
alegria.
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PREPARANDO A LITURGIA PARA O DOMINGO II DA PÁSCOA ou da Divina Misericórdia
Actos
4, 32-35 «Um só coração e uma só alma»
Salmo 117(118) Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é
eterna a sua misericórdia
1
Jo 5, 1-6 «Todo o que
nasceu de Deus vence o mundo»
Jo
20, 19-31 «Oito dias
depois, veio Jesus...»
Intenções para a Eucaristia de 5 de abril (8:30h)
João de Jesus Pinto, de Requim, mãe e sogros; Natália Fernanda da Silva Alves e seus avós; Margarida Teixeira de Jesus, marido e filho; Maria Rosa Leal Pinheiro; Maria da Graça da Glória, marido e filho; Emídio Luís, Maria da Conceição Alves e filho; António Pinto Melo; Alexandre da Silva Azeredo; José Vieira Bouça e Maria Rosa Bessa de Almeida; José Ferreira Aguiar e familiares de Margarida de Jesus.
Intenções para a Eucaristia de 11 de abril (19:00h)
Rosa de Jesus Carneiro e Martinho Pinto, de Carvalho de Vila; Manuel Madureira Vieira e pai; António da Silva Luís, do Lameu; Familiares de Madalena Teixeira de Almeida e de António Casimiro Almeida; Luísa Pereira e marido, do Alto; Albino Teixeira Pinto e esposa, de Requim; Luísa Pereira e marido, do Alto; Carlos André; Manuel de Oliveira Barreto; 7º Dia por Fernando Moreira Caetano.
Agenda
11 abr
- Domingo II da Páscoa - Missa Vespertina, Igreja, 19:00h
12 abr
11 abr
- Domingo II da Páscoa - Missa Vespertina, Igreja, 19:00h
12 abr
- Domingo II da Páscoa – Celebração do Crisma- Igreja,11:00h
A ressurreição de Jesus é a consequência de uma vida gasta a
“fazer o bem e a libertar os oprimidos”. Isso significa que, sempre que alguém
– na linha de Jesus – se esforça por vencer o egoísmo, a mentira, a injustiça e
por fazer triunfar o amor, está a ressuscitar; significa que, sempre que alguém
– na linha de Jesus – se dá aos outros e manifesta, em gestos concretos, a sua
entrega aos irmãos, está a construir vida nova e plena.
A ressurreição de Jesus significa, também, que o medo, a
morte, o sofrimento, a injustiça, deixam de ter poder sobre o homem que ama,
que se dá, que partilha a vida. Ele tem assegurada a vida plena – essa vida que
os poderes do mundo não podem destruir, atingir ou restringir. Ele pode, assim,
enfrentar o mundo com a serenidade que lhe vem da fé. Aos discípulos pede-se que sejam as testemunhas da
ressurreição. Nós não vimos o sepulcro vazio; mas fazemos, todos os dias, a
experiência do Senhor ressuscitado, que está vivo e que caminha ao nosso lado
nos caminhos da história. A nossa missão é testemunhar essa realidade; no
entanto, o nosso testemunho será oco e vazio se não for comprovado pelo amor e
pela doação.
O Batismo introduz-nos numa dinâmica de comunhão com Cristo
ressuscitado. A partir do Batismo, Cristo passa a ser o centro e a referência
fundamental à volta da qual se constrói toda a vida do cristão. A identificação com Cristo implica o assumir uma dinâmica de
vida nova, despojada do egoísmo, do orgulho, do pecado e feita doação a Deus e
aos irmãos. O cristão torna-se então, verdadeiramente, alguém que “aspira às
coisas do alto” – quer dizer, alguém que, embora vivendo nesta terra e
desfrutando as realidades deste mundo, tem como referência última os valores de
Deus. Não se pede ao crente que seja um alienado, alguém que viva a olhar para
o céu e que se demita do compromisso com o mundo e com os irmãos; mas pede-se-lhe
que não faça dos valores do mundo a sua prioridade, a sua referência última.
Paulo, a partir do exemplo de Cristo, garante-nos que esse
caminho de despojamento do “homem velho” não é um caminho de derrota e de
fracasso; mas é um caminho de glória, no qual se manifesta a realidade da vida
eterna, da vida verdadeira.