«Este
é
o meu Filho muito amado:
escutai-O».
No segundo Domingo da
Quaresma, a Palavra de Deus define o caminho que o verdadeiro discípulo deve
seguir para chegar à vida nova: é o caminho da escuta atenta de Deus e dos seus
projectos, o caminho da obediência total e radical aos planos do Pai.
O Evangelho relata a
transfiguração de Jesus. Recorrendo a elementos simbólicos do Antigo
Testamento, o autor apresenta-nos uma catequese sobre Jesus, o Filho amado de
Deus, que vai concretizar o seu projeto libertador em favor dos homens através
do dom da vida. Aos discípulos, desanimados e assustados, Jesus diz: o caminho
do dom da vida não conduz ao fracasso, mas à vida plena e definitiva. Segui-o,
vós também.
Na primeira leitura
apresenta-se a figura de Abraão como paradigma de uma certa atitude diante de
Deus. Abraão é o homem de fé, que vive numa constante escuta de Deus, que
aceita os apelos de Deus e que lhes responde com a obediência total (mesmo
quando os planos de Deus parecem ir contra os seus sonhos e projetos pessoais).
Nesta perspetiva, Abraão é o modelo do crente que percebe o projeto de Deus e o
segue de todo o coração.
A segunda leitura lembra
aos crentes que Deus os ama com um amor imenso e eterno. A melhor prova desse
amor é Jesus Cristo, o Filho amado de Deus que morreu para ensinar ao homem o
caminho da vida verdadeira. Sendo assim, o cristão nada tem a temer e deve
enfrentar a vida com serenidade e esperança.
Deus ama-nos com um amor
profundo, total, radical, que nada nem ninguém consegue apagar ou eliminar.
Esse amor veio ao nosso encontro em Jesus Cristo, atingiu a nossa existência e
transformou-a, capacitando-nos para caminharmos ao encontro da vida eterna.
Ora, antes de mais, é esta descoberta que Paulo nos convida a fazer… Nos
momentos de crise, de desilusão, de perseguição, de orfandade, quando parece
que todo o mundo está contra nós e que não entende a nossa luta e o nosso
compromisso, a Palavra de Deus grita: “não tenhais medo; Deus ama-vos”.
Liturgia da Palavra do Domingo II da Quaresma
I Leitura Gen 22, 1-2.9a.10-13.15-18
O
sacrifício do nosso Patriarca Abraão
Depois
da história de Noé, no domingo passado, lemos hoje a história de Abraão e do
sacrifício de seu filho Isaac, sobre o monte Moriá. Mas Deus nunca quis
sacrifícios humanos. Abraão demonstrou a sua vontade de completa obediência a
Deus e recuperou o seu filho, vivo, que assim se tornou uma figura de Cristo na
sua ressurreição.
Salmo 115 (116)
Caminharei na terra dos vivos
na presença do Senhor.
II Leitura: Rom 8, 31b-34
«Deus não poupou o seu próprio Filho»
Esta leitura mostra como Jesus realiza até ao fim a figura de
Isaac, anunciada na leitura anterior, e como o amor de Abraão é imagem do amor
infinito de Deus pelos homens. Deus, que não quis que Abraão Lhe oferecesse o
filho em sacrifício, permitiu que o seu muito amado filho Jesus fosse
sacrificado, em expiação dos nossos pecados. De facto, toda a história da
salvação atinge o seu ponto mais alto em Nosso Senhor Jesus Cristo
Aclamação ao Evangelho
No meio da nuvem luminosa, ouviu-se a voz do Pai:
«Este é o meu Filho muito amado: escutai-O».
Evangelho Mc 9, 2-10
«Este
é o meu Filho muito amado»
A
Transfiguração, lida neste Domingo, depois de, no Domingo anterior, ter sido
escutada a tentação, faz com ela, como que num grande painel de duas alas, uma
espécie de grande abertura da Quaresma: mortificação e glorificação, tentação e
glória, morte e ressurreição; são elas, de facto, a síntese do Mistério Pascal
que vamos celebrar na Páscoa. Jesus vive em Si o mistério que a sua Igreja
agora celebra, e que ela viverá até à sua própria Transfiguração.
Pela transfiguração
de Jesus, Deus demonstra aos crentes de todas as épocas e lugares que uma
existência feita dom não é fracassada – mesmo se termina na cruz. A vida plena
e definitiva espera, no final do caminho, todos aqueles que, como Jesus, forem
capazes de pôr a sua vida ao serviço dos irmãos.
Na verdade, os homens
do nosso tempo têm alguma dificuldade em perceber esta lógica… Para muitos dos
nossos irmãos, a vida plena não está no amor levado até às últimas
consequências, mas sim na preocupação egoísta com os seus interesses pessoais,
com o seu orgulho, com o seu pequeno mundo privado; não está no serviço simples
e humilde em favor dos irmãos (sobretudo dos mais débeis, dos mais
marginalizados, dos mais infelizes), mas no assegurar para si próprio uma dose
generosa de poder, de influência, de autoridade, de domínio, que dê a sensação
de pertencer à categoria dos vencedores; não está numa vida vivida como dom,
com humildade e simplicidade, mas numa vida feita um jogo complicado de
conquista de honras, de glórias, de êxitos.
Por vezes somos
tentados pelo desânimo, porque não percebemos o alcance dos esquemas de Deus;
ou então, parece que, seguindo a lógica de Deus, seremos sempre perdedores e
fracassados, que nunca integraremos a elite dos senhores do mundo e que nunca
chegaremos a conquistar o reconhecimento daqueles que caminham ao nosso lado… A
transfiguração de Jesus grita-nos, do alto daquele monte: não desanimeis, pois
a lógica de Deus não conduz ao fracasso, mas à ressurreição, à vida definitiva,
à felicidade sem fim.
Os três discípulos,
testemunhas da transfiguração, parecem não ter muita vontade de “descer à
terra” e enfrentar o mundo e os problemas dos homens. No entanto, ser seguidor
de Jesus obriga a “regressar ao mundo” para testemunhar aos homens – mesmo
contra a corrente – que a realização autêntica está no dom da vida; obriga a
atolarmo-nos no mundo, nos seus problemas e dramas, a fim de dar o nosso
contributo para o aparecimento de um mundo mais justo e mais feliz.
Palavra de Deus para a semana de 2 a 7 de março
2
Seg
Dan 9,
4b-10 - Salmo 78 (79) - Lc 6, 36-38
As vossas palavras, Senhor, são espírito e vida:
Vós tendes palavras de vida eterna
3
Ter
Is 1, 10.
16-20 - Salmo 49 (50) - Mt 23, 1-12
Deixai todos os vossos pecados, diz o Senhor;
criai um coração novo e um espírito novo
4
Qua
Jer 18,
18-20 - Salmo 30 (31) - Mt 20, 17-28
Eu sou a luz do mundo, diz o Senhor. Quem Me segue
terá a luz da vida.
5
Qui
Jer 17,
5-10 - Salmo 1 - Lc 16, 19-31
Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus
com coração nobre e generoso e produzem fruto pela
perseverança
6
Sex
Gen 37, 3-4. 12-13a. 17b-28 - Salmo 104 (105) - Mt 21, 33-43. 45-46
Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho
Unigénito;
quem acredita n’Ele tem a vida eterna
7
Sáb
Miq 7,
14-15. 18-20 - Salmo 102 (103) - Lc 15, 1-3. 11-32
Vou partir, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai,
pequei contra o Céu e contra ti.
2
Seg
|
Dan 9,
4b-10 - Salmo 78 (79) - Lc 6, 36-38
As vossas palavras, Senhor, são espírito e vida:
Vós tendes palavras de vida eterna |
3
Ter |
Is 1, 10.
16-20 - Salmo 49 (50) - Mt 23, 1-12
Deixai todos os vossos pecados, diz o Senhor;
criai um coração novo e um espírito novo |
4
Qua
|
Jer 18,
18-20 - Salmo 30 (31) - Mt 20, 17-28
Eu sou a luz do mundo, diz o Senhor. Quem Me segue
terá a luz da vida.
|
5
Qui
|
Jer 17,
5-10 - Salmo 1 - Lc 16, 19-31
Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus
com coração nobre e generoso e produzem fruto pela
perseverança
|
6
Sex
|
Gen 37, 3-4. 12-13a. 17b-28 - Salmo 104 (105) - Mt 21, 33-43. 45-46
Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho
Unigénito;
quem acredita n’Ele tem a vida eterna
|
7
Sáb
|
Miq 7,
14-15. 18-20 - Salmo 102 (103) - Lc 15, 1-3. 11-32
Vou partir, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai,
pequei contra o Céu e contra ti.
|
PREPARANDO A LITURGIA PARA O DOMINGO III DA QUARESMA
Ex
20, 1-17 «A
lei foi dada por Moisés» (Jo 1, 17
Salmo 18 (19) Senhor, Vós
tendes palavras de vida eterna.
1
Cor 1, 22-25 «Nós pregamos
Cristo crucificado, escândalo para os homens,
mas sabedoria
de Deus para os que são chamados»
Jo
2, 13-25 «Destruí este
templo e em três dias o levantarei»
Intenções para a Eucaristia de 1 de março (10:00h)
João de Jesus
Pinto, de Requim, mãe e sogros; Natália Fernanda da Silva Alves e seus avós;
Margarida Teixeira de Jesus, marido e filho; Maria Rosa Leal Pinheiro; Maria da
Graça da Glória, marido e filho; Aniversário natalício de Manuel Vieira
Ribeiro; Aniversário falecimento de Maria Pereira
Intenções para a Eucaristia de 7 de março (18:30h)
Antero
Pinto e filho; Aniversário falecimento de Maria Rosa Vieira e Joaquim Pinto
Vieira; Emídio Luís, Maria da Conceição Alves e filho; António Pinto Melo;
Alexandre da Silva Azeredo; António da Silva Luís, do Lameu; Rosa de Jesus
Carneiro e Martinho Pinto, de Carvalho de Vila; Familiares de Madalena Teixeira
de Almeida e de António Casimiro Almeida; Albino Teixeira pinto e esposa , de
Requim
Agenda
1 mar
-
Adoração Santíssimo Sacramento,
Igreja, 15:00h
7 mar
- Domingo III Quaresma – Eucaristia, Igreja, 18:30h
Deus é, para Abraão, o valor máximo, a prioridade
fundamental; por isso, Abraão mostra-se disposto a fazer a Deus um dom total e
irrevogável de si próprio, da sua família, do seu futuro, dos seus sonhos, das suas
aspirações, dos seus projetos, dos seus interesses. Para Abraão, nada mais
conta quando estão em jogo os planos de Deus…
Na vida do homem do nosso tempo, contudo, nem sempre Deus
ocupa o lugar central que Lhe é devido. Com frequência, o dinheiro, o poder, a
carreira profissional, o reconhecimento social, o sucesso, ocupam o lugar de
Deus e condicionam as nossas opções, os nossos interesses, os valores que nos
orientam. Abraão, o crente para quem Deus é a coordenada fundamental à volta da
qual toda a vida se constrói convida-nos, nesta Quaresma, a rever as nossas
prioridades e a dar a Deus o lugar que Ele merece.
Na sua relação com Deus, manifesta uma vasta gama de
“qualidades” – a reverência, o respeito, a humildade, a disponibilidade, a
obediência, a confiança, o amor, a fé – que o definem como o crente “ideal”, o
modelo para os crentes de todas as épocas. Neste tempo de preparação para a
Páscoa, são estas “qualidades” que nos são propostas, também. É preciso que
realizemos um caminho de conversão que nos torne cada vez mais atentos e
disponíveis para acolher e para viver na fidelidade aos planos de Deus.
Abraão ensina-nos, ainda, a confiar em Deus, mesmo quando
tudo parece cair à nossa volta e quando os caminhos de Deus se revelam
estranhos e incompreensíveis. Quando os nossos projetos se desmoronam, quando
as nuvens negras da guerra, da violência, da opressão se acastelam no horizonte
da nossa existência, quando o sofrimento nos leva ao desespero, é preciso
continuar a caminhar serenamente, confiando nesse Deus que é a nossa esperança
e que tem um projeto de vida plena para nós e para o mundo. Fazer de Deus o
centro da própria existência e renunciar aos próprios critérios e interesses
para cumprir os planos de Deus não é uma escravidão, mas um caminho que nos
garante - a nós e aos nossos irmãos - o acesso à vida plena e verdadeira.
1 mar
- Adoração Santíssimo Sacramento, Igreja, 15:00h
- Domingo III Quaresma – Eucaristia, Igreja, 18:30h
Deus é, para Abraão, o valor máximo, a prioridade
fundamental; por isso, Abraão mostra-se disposto a fazer a Deus um dom total e
irrevogável de si próprio, da sua família, do seu futuro, dos seus sonhos, das suas
aspirações, dos seus projetos, dos seus interesses. Para Abraão, nada mais
conta quando estão em jogo os planos de Deus…
Na vida do homem do nosso tempo, contudo, nem sempre Deus
ocupa o lugar central que Lhe é devido. Com frequência, o dinheiro, o poder, a
carreira profissional, o reconhecimento social, o sucesso, ocupam o lugar de
Deus e condicionam as nossas opções, os nossos interesses, os valores que nos
orientam. Abraão, o crente para quem Deus é a coordenada fundamental à volta da
qual toda a vida se constrói convida-nos, nesta Quaresma, a rever as nossas
prioridades e a dar a Deus o lugar que Ele merece.
Na sua relação com Deus, manifesta uma vasta gama de
“qualidades” – a reverência, o respeito, a humildade, a disponibilidade, a
obediência, a confiança, o amor, a fé – que o definem como o crente “ideal”, o
modelo para os crentes de todas as épocas. Neste tempo de preparação para a
Páscoa, são estas “qualidades” que nos são propostas, também. É preciso que
realizemos um caminho de conversão que nos torne cada vez mais atentos e
disponíveis para acolher e para viver na fidelidade aos planos de Deus.
Abraão ensina-nos, ainda, a confiar em Deus, mesmo quando
tudo parece cair à nossa volta e quando os caminhos de Deus se revelam
estranhos e incompreensíveis. Quando os nossos projetos se desmoronam, quando
as nuvens negras da guerra, da violência, da opressão se acastelam no horizonte
da nossa existência, quando o sofrimento nos leva ao desespero, é preciso
continuar a caminhar serenamente, confiando nesse Deus que é a nossa esperança
e que tem um projeto de vida plena para nós e para o mundo. Fazer de Deus o
centro da própria existência e renunciar aos próprios critérios e interesses
para cumprir os planos de Deus não é uma escravidão, mas um caminho que nos
garante - a nós e aos nossos irmãos - o acesso à vida plena e verdadeira.